Havana, 10 set (RV) - Milhares de cubanos, sobretudo em Havana e Santiago de
Cuba, participaram na quarta-feira da tradicional procissão com a qual, em 8 de setembro,
se celebra Nossa Senhora da Caridad del Cobre, padroeira nacional, venerada como “Mãe
e Amiga”. A festa deste ano teve uma solenidade e uma participação especiais, pois
os cubanos entraram no triênio com o qual se preparam para comemorar o Quarto centenário
da descoberta da imagem da “Virgen del Cobre” "(localidade onde se encontra o santuário),
que em muitos lugares da parte oriental da ilha se venera sob o nome "Nossa Senhora
de Mambisa”.
Em Santiago de Cuba, diocese do Santuário, a festa foi presidida
pelo Arcebispo Dionisio García, Presidente do episcopado cubano. Nesta região, está
se realizando uma peregrinação nacional da imagem de Nossa Senhora.
Em Havana,
com uma participação de massa impressionante de fiéis, a festa e a procissão foram
conduzidas pelo Arcebispo da capital, Cardeal Jaime Ortega, que dedicou a maior parte
de sua homilia para recordar “que a Mãe de Deus nos ensina a fidelidade a Jesus e
nos mostra o caminho da reconciliação”. Falando no final da procissão, ao lado da
Igreja da Caridade, o Cardeal enfrentou diversos temas muito sentidos pelos cubanos
nos últimos meses: por exemplo, manifestou grande confiança e esperança no fato de
que, embora de forma gradual, no fim sejam liberados todos os dissidentes.
Ao
mesmo tempo, Dom Ortega quis recordar o que ele escreveu em fevereiro passado, apresentando
às autoridades do país, “a urgente necessidade de grandes mudanças na economia, política
e cultura”. E em referência a algumas mudanças anunciadas pelo presidente Raúl Castro,
há algumas semanas, o Cardeal disse: "Quando chegarem as mudanças boas é desejável
que sejam aceitas, mesmo que elas possam implicar alguns aspectos difíceis”, referindo-se
provavelmente à redução substancial da estrutura burocrática do Estado, o que obviamente
levará a demissões em massa, um dos temas mais discutidos na ilha nestes dias, após
o anúncio do presidente.
O governo, neste contexto, por diversas vezes tranquilizou
o país, afirmando que as pessoas que perderem o emprego não ficarão sem meios de subsistência.
“Nos últimos tempos - disse o Cardeal Jaime Ortega - ouvimos muito a palavra ‘mudança’
aqui em Cuba. Em diversas ocasiões, nosso povo tem se demonstrado a favor dessas mudanças,
ou melhor, há muito tempo aguarda que essas reformas, que são necessárias se realizem”.
(SP)