Cidade do Vaticano, 09 set (RV) - O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso
acolheu com “profunda preocupação” a notícia da proposta lançada por uma comunidade
evangélica dos Estados Unidos, de um dia de queima do Alcorão, o “Koran Burning Day”,
no próximo dia 11 de setembro, aniversário dos trágicos atentados terroristas de 2001,
que causaram muitas vítimas inocentes e enormes danos materiais.
“Àqueles
desprezíveis atos de violência - afirma um comunicado do organismo vaticano - não
se pode pôr remédio com um gesto de grave ultraje ao livro considerado sagrado por
uma comunidade religiosa. Toda religião, com seus livros sagrados, locais de culto
e símbolos tem direito ao respeito e à proteção: trata-se do respeito devido à dignidade
das pessoas pelas suas livres escolhas em matéria religiosa”.
“A necessária
reflexão que se impõe a todos na recordação do 11 de setembro - continua o comunicado
do organismo – renova, antes de tudo, os nossos sentimentos de profunda solidariedade
para com as pessoas atingidas pelos terríveis atentados terroristas. A esses sentimentos
se unem nossas preces por eles e pelos entes queridos que perderam suas vidas. Todos
os líderes religiosos e todos as pessoas que crêem são também chamados a renovar a
firme condenação a toda forma de violência, especialmente a violência feita em nome
da religião”.
João Paulo II - recorda o comunicado - afirmou que “o uso da
violência em nome de uma crença religiosa é uma perversão dos ensinamentos das grandes
religiões" (Discurso ao novo Embaixador do Paquistão, 17/12/1999), enquanto Bento
XVI declarou que “a intolerância e a violência nunca podem ser justificadas como respostas
às ofensas, porque não são compatíveis com os princípios sagrados da religião” (Discurso
ao novo embaixador de Marrocos, 20/02/2006).
Por sua vez, os representantes
de várias religiões nos Estados Unidos, incluindo o Arcebispo emérito de Washington,
Cardeal Theodore McCarrick, condenaram veementemente em uma declaração conjunta a
proposta do “Koran Burning Day”, lançada por uma comunidade evangélica, na Flórida,
denunciando fortemente o que foi definido “agitação anti-muçulmana”. “Esse não é o
verdadeiro Estados Unidos - disse o Cardeal McCarrick - nunca foi e nunca será. O
que dizemos neste documento é que, para nós os Estados Unidos verdadeiros são um lugar
onde as religiões são respeitadas”. (SP)