Cidade do Vaticano, 07 set (RV) - Reconheço a profundidade de conhecimentos
de Física de Stephen Hawkins. Já por muitos anos esse cientista inglês tem chamado
a atenção sobre si, pela originalidade de suas intuições. Não sei se ainda faz parte,
mas já pertenceu à Academia de Ciências do Vaticano. Num livro anterior, de notável
sabedoria, manifestou seu respeito para com o Criador, e se manifestou, de alguma
forma, muito religioso. No último livro, no entanto, deixou na cabeça de seus fãs,
sérias dúvidas. Não sobre a existência de Deus, que ele não questionou, mas sobre
sua iniciativa na obra da criação. Infelizmente, não tenho o livro, mas apenas resumos.
Estes costumam deixar traços das idéias de quem fez o resumo, e desfiguram o original.
Mas
assim como se lê nas manchetes, o big bang não teria causa, segundo explicação de
Hawking. Seria de uma geração espontânea incrível. A força do magnetismo universal
– cuja origem não se discute – teria como conseqüência lógica a grande explosão. Ora,
a sã Filosofia nos ensina que nenhum ser pode agir antes de existir. E tudo quanto
existe deve ter um princípio causante. Nada aparece por si. O único Ser não oriundo
de outro é Deus. Isso porque Ele é necessário. Por estar fora do tempo, sempre existiu.
A matéria, seguramente não existe mais de 14 bilhões de anos. Mas o Pai Criador precisa
atuar, ter uma iniciativa, para o cosmos ser explicável. Foi um ato de sua vontade.
Ele não precisou “acender nenhum pavio” para provocar a explosão inicial. No universo
Ele não age diretamente, mas estabeleceu as leis, através das quais tudo deve funcionar.
Ademais, o que a ciência não conseguiu até hoje vislumbrar, e pelas intuições da fé
o sabemos, é que a criação é um ato de amor, e não obra do acaso. Além do mais, esse
ato de amor é tão minucioso, que cada ser existente tem um espaço na mente divina.
Especialmente o ser humano, “sua imagem e semelhança” (Gen 1,26), o ponto alto do
cosmos. Em Cristo, o homem perfeito, o “homo sapiens” detém um afeto especial no
Coração de Deus. “Que é o homem, para dele cuidardes com tanto carinho?” (Sl 8, 5).
Dom Aloísio Roque Oppermann scj - Arcebispo de Uberaba, MG.