2010-09-06 13:07:50

ÁFRICA DO SUL: PREOCUPANTE SITUAÇÃO DOS REFUGIADOS ZIMBABUANOS


Cidade do Cabo, 06 set (RV) - "Os refugiados de Zimbábue com os quais conversei, estão muito preocupados com as medidas de regularização adotadas pelo governo sul-africano, porque a situação em Zimbábue não mudou" – foi o que disse o missionário escalabriniano Pe. Mário Tessarotto que ajuda, em Cidade do Cabo, os refugiados provenientes de vários países africanos.



No último dia 2, o Governo sul-africano anunciou que até o fim deste ano irá retirar o visto especial concedido a milhares de cidadãos zimbabuanos. Trata-se de uma autorização dada aos zimbabuanos para que eles pudessem residir na África do Sul sem documentos. "Após 31 de dezembro próximo, todos os zimbabuanos sem documentos serão tratados como os outros e começarão a ser expulsos" – declarou um porta-voz do Governo sul-africano.



"A África do Sul e o Zimbábue têm relações muito complexas, que envolvem os partidos no poder nesses países" – explicou Pe. Mário. O sacerdote se demonstrou perplexo sobre a atuação destas medidas: "Acredito que será difícil atuá-las. O Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, está dividido entre uma corrente populista, próxima à oposição do Presidente de Zimbábue, Robert Mugabe, favorável à repatriação dos refugiados, e outra, que quer manter boas relações com os Estados Unidos. Esta última teme que a expulsão dos refugiados prejudique as relações, principalmente econômicas, com os Estados Unidos" – frisou Pe. Mário.



Na África do Sul vive uma grande comunidade de zimbabuanos, cerca de 1 milhão e meio de pessoas que abandonaram seu país por causa da fome e perseguições políticas. "O Zimbábue era considerado antes a reserva de trigo da África Austral ou mesmo a Suíça da África. A política econômica de seu Governo fez o país precipitar entre as nações mais pobres do mundo, com um índice de desemprego altíssimo e a agricultura arrasada, que faz com que o Zimbábue hoje, importe gêneros alimentícios do exterior" – sublinhou o sacerdote escalabriniano.



A presença de um alto número de refugiados zimbabuanos, aos quais se somam imigrantes de outros países como Moçambique, provocou fortes tensões com a população local da África do Sul. "Nós, missionários, tentamos tranqüilizar as pessoas e promover projetos de desenvolvimento em prol dos refugiados e dos sul-africanos, e explicamos que os zimbabuanos não querem roubar os empregos dos sul-africanos.



Várias organizações sul-africanas de defesa dos direitos humanos expressaram sua oposição contra as medidas de revogação do visto especial de residência, afirmando temer a retomada da violência política em Zimbábue, em coincidência com as eleições de 2011. (MJ)








All the contents on this site are copyrighted ©.