2010-09-05 16:02:51

PAPA: TODO PASTOR É CHAMADO A TRANSMITIR UMA "SABEDORIA" QUE CONJUGA FÉ E VIDA


Carpineto Romano, 05 set (RV) - Bento XVI visitou, na manhã deste domingo, Carpineto Romano, terra natal do Papa Leão XIII.



A visita apostólica à cidadezinha do Lácio, por ocasião do bicentenário de nascimento do Papa Vincenzo Gioacchino Pecci, foi "breve e toda ela concentrada – disse o Pontífice – na celebração eucarística, na qual encontramos tudo: "a Palavra e o Pão de vida eterna, que alimentam a fé, a esperança e a caridade".



Bento XVI recordou, diante de milhares de féis, os dons espirituais deixados pelo Papa Gioacchino Pecci, e referindo-se à sua imprescindível contribuição para a Doutrina Social da Igreja, ressaltou que "os cristãos, agindo singularmente como cidadãos, ou de forma associada, constituem uma força benéfica e pacífica de profunda mudança".



Numa praça lotada, o Santo Padre recordou a figura de Leão XIII, nascido em Carpineto no dia 2 de março de 1810. A sua herança está profundamente ligada ao primado de Deus. Seguir Cristo "exige empenho" e não pode depender de "entusiasmos e oportunismos" – afirmou o Papa.



Deve ser "uma decisão ponderada" tomada após perguntar-se conscientemente: quem é Jesus para mim? "Deus está além do nosso alcance, e os seus desígnios são imperscrutáveis", mas em Cristo – disse Bento XVI – encontram "resposta as perguntas do homem de todos os tempos que busca a verdade sobre Deus":



"Embora permaneça sempre verdadeiro que "Deus, ninguém jamais viu" (Jo 1, 18), ora nós conhecemos o seu "nome", o seu "rosto", e também o seu querer, porque no-lo revelou Jesus, que é a Sabedoria de Deus feita homem. Assim – escreve o Autor sagrado – os homens foram instruídos naquilo que vos é agradável e foram salvos por meio da sabedoria (Sb 9, 18)."



Essa observação fundamental da Palavra de Deus – acrescentou o Papa – nos leva a pensar em dois aspectos da vida e do ministério do Sumo Pontífice Leão XIII, a grande fé e a profunda devoção:



"Isso permanece sendo sempre a base de tudo, para todo cristão, inclusive para o Papa. Sem a oração, isto é, sem a união interior com Deus, não podemos fazer nada, como disse claramente Jesus a seus discípulos durante a Última Ceia (cf Jo 15, 5)."



As palavras e os atos do Papa Pecci deixavam transparecer "a sua íntima religiosidade". Entre as suas Encíclicas e Cartas apostólicas, como o fio em um colar, "existem aquelas palavras de caráter propriamente espiritual, dedicadas, sobretudo, ao incremento da devoção mariana". E nessa "catequese" que marca 25 anos de Pontificado são custodiados também os "documentos sobre Cristo Redentor, sobre o Espírito Santo, sobre a consagração ao Sagrado Coração, sobre a devoção a São José, e sobre São Francisco de Assis":



"Gosto de considerar todos esses diferentes elementos como nuança de uma única realidade: o amor a Deus e a Cristo, ao qual absolutamente nada é anteposto. E essa sua primeira e principal qualidade Vincenzo Gioacchino Pecci a assimilou aqui, em sua terra natal, de seus pais, de sua paróquia."



Mas existe também outro aspecto que deriva sempre do primado de Deus e de Cristo e se encontra "na ação pública de todo pastor da Igreja":



"Todo Pastor é chamado a transmitir ao povo de Deus não verdades abstratas, mas uma "sabedoria", isto é, uma mensagem que conjuga fé e vida, verdade e realidade concreta. O Papa Leão XIII, com a assistência do Espírito Santo, foi capaz de fazer isso num período histórico entre os mais difíceis para a Igreja, permanecendo fiel à tradição e, ao mesmo tempo, confrontando-se com as grandes questões abertas."



Partindo da liturgia e da Carta de São Paulo na qual o Apóstolo convida um patrão a acolher o seu escravo Onésimo como irmão em Cristo, o Pontífice recordou "o impulso de promoção humana portado pelo cristianismo no caminho da civilização:



"A nova fraternidade cristã supera a separação entre escravos e livres, e ativa na história um princípio de promoção da pessoa que levará à abolição da escravidão, mas também a ultrapassar outras barreiras que até hoje existem. O Papa Leão XIII dedicou justamente ao tema da escravidão a encíclica Catholicae Ecclesiae, de 1890."



Tendo sido eleito à Cátedra de Pedro em 1878, Leão XIII – disse o Santo Padre – "era um Papa ainda politicamente e fisicamente "prisioneiro" no Vaticano, mas na realidade, com a sua mensagem, representava uma Igreja capaz de enfrentar, sem complexos, as grandes questões da contemporaneidade".



Enfrentar os desafios recorrendo à luz do Evangelho significa confiar-se à Verdade. E o essencial é "o amor de Cristo que renova os homens e o mundo" – concluiu Bento XVI. (RL)








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