A onda de violência em Maputo não para e o governo não cede. D. Francisco Chimoio
apela à calma e espera que governo e população se entendam
(3/9/2010) Tumultos na rua, confrontos entre policia e população, carros, lojas e
armazéns vandalizados, levantamento de barricadas, um clima de guerra que se criou
em Maputo, desde Quarta-feira, dia 1, e que já causou pelo menos 6 mortos e muitos
feridos. A onda de violência não pára e o Governo não cede, mantendo a subida
de preços. O Conselho de Ministros moçambicano reuniu e apresentou, em números, o
balanço dos protestos: sete mortos, 288 feridos, 12 autocarros vandalizados, dois
vagões saqueados e quatro postes derrubados, entre outros danos de menor dimensão.
As conclusões também se traduzem em dinheiro, tendo a greve geral causado, segundo
o Conselho de Ministros, um prejuízo de 122 milhões de meticais (cerca de 2,5 milhões
de euros). Segundo o jornal moçambicano “O País”, o Governo mantém a sua posição:
aumento dos preços dos bens essenciais (pão, água e electricidade, além da subida
do preço dos combustíveis - aumentaram quatro vezes, nos últimos meses.) . O porta-voz
do Executivo e vice-ministro da Justiça, Alberto Nkutumula, reforçou as palavras do
presidente Armando Guebuza e a teoria de que a solução para travar a subida de preços
passa pelo aumento da produção. “Para o nível de vida de um moçambicano, que vive
nos bairros da periferia, as subidas dos preços dos bens essenciais podem significar
comer ou não comer” O presidente Armando Guebuza, declarou que “o governo está
consciente da situação que vive o povo”, mas não hesitou em condenar os protestos,
que diz apenas servirem para “trazer luto e dor ao seio da família moçambicana e para
agravar as condições de vida dos nossos concidadãos”, lamentando ainda “a perda de
preciosas vidas humanas e a destruição de bens públicos e privados”. A Igreja moçambicana
lançou um apelo geral para que a calma regresse ao país, e que as partes em conflito
dialoguem entre si. Numa mensagem difundida pelos Media, o arcebispo de Maputo
considera que o momento actual tem de ser de união para a construção da paz. Em
entrevista ao correspondente da Rádio Vaticano em Portugal Domingos Pinto o arcebispo
de Maputo D. Francisco Chimoio descreve um ambiente tenso, agravado com a existência
de vitimas mortais, uma situação que já se está alastrar a outros pontos do país,
como é o caso da província de Gaza. Uma entrevista onde D. Francisco Chimoio começa
por descrever a situação vivida nas ultimas 48 horas na capital moçambicana