BUENOS AIRES: ENCONTRO SOBRE ESPIRITUALIDADE CRISTÃ DA ECOLOGIA
Buenos Aires, 1° set (RV) - Grande preocupação pelo crescente desinteresse
e falta de respeito pela tutela do meio ambiente e dos povos, foi expressa nos dias
passados pelo Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-americano
(CELAM) durante o recente Simpósio Latino-americano e Caribenho realizado em Buenos
Aires, que contou com a participação de representantes de dezesseis países da América
Latina e do Caribe, Alemanha e Indonésia.
"Como discípulos e missionários de
Jesus Cristo, nosso Senhor, estendemos a nossa preocupação e pedimos um momento de
reflexão às pessoas que trabalham nos Governos, nas empresas multinacionais, professores,
empreendedores, jornalistas, líderes de várias organizações sociais, além de nossas
comunidades cristãs e nossos povos" – lê-se no documento final intitulado "Espiritualidade
cristã da ecologia".
"Estamos preocupados com os freqüentes atos de corrupção
no processo de concessão de terras sem consultar os povos que ali vivem" – frisa ainda
a nota do CELAM.
Segundo o organismo, "a enorme biodiversidade da América Latina
e do Caribe oferece serviços ambientais a todo o planeta, fator que vai além do significado
comercial atual e oferece benefícios reais. Esta biodiversidade está sendo destruída
de maneira irreversível: somente na Amazônia, pouco mais de 17% da floresta desapareceu
e o índice de extinção de espécies se tornou mil vezes superior. Existe uma crescente
destruição ambiental causada pelo desmatamento, poluição de lixos industriais e urbanos,
minas a céu aberto, monocultura extensiva, aumento da desertificação, que afetam as
reservas vitais para as populações como a água potável e alimentação.
"Diante
desses desafios da realidade de nosso continente devemos recuperar um comportamento
contemplativo. A nossa tarefa é ajudar a despertar nas pessoas e comunidades uma consciência
sensível de cuidado responsável pela natureza como lugar sagrado que suscita a descoberta
de Deus, por nós e pelas gerações futuras" – afirma o documento.
Os bispos
criticam os estilos de vida prevalentes de uma parte da humanidade, o desperdiço que
causa desequilíbrio entre a demanda de recursos naturais, recursos renováveis e não
renováveis e a disponibilidade da terra, com o risco do aniquilamento da biodiversidade.
"Além
dos homens e mulheres da terra, o território, os ambientes naturais nele presentes
e a respectiva biodiversidade são aspectos indissoluvelmente unidos ao dom da Criação
que Deus permite e sustém em favor do desenvolvimento da pessoa humana e dos povos
de todos os tempos" – conclui o CELAM. (MJ)