Uberaba, 31 ago (RV) - Nem sempre podemos constatar, nos dias atuais, que somos
uma geração de pessoas retas e íntegras. “Jó era homem íntegro e reto, e se mantinha
afastado do mal” (Jó 1,1). Os noticiários, dia por dia nos assustam, nestes tempos
de orgulhosa modernidade, descrevendo a ousadia dos que assaltam, invadem residências,
matam com requintes de malvadeza, roubam fortunas dos incautos...Durante vários anos
prestei atenção nas informações desses fatos mais grosseiros e de alta imoralidade.
Queria perceber alguma coisa no que diz respeito ao senso religioso de tais protagonistas
do mal. Cheguei à conclusão de que entre eles não existia ninguém que fosse participante
de missa, ou mais ainda, fosse alguém de reconhecer seus pecados na Confissão, e que
recebesse a Eucaristia. Antes de serem marginais da convivência social, já eram marginais
da fé. Com o perdão da expressão.
Mas a minha admiração não parou aí. Observei
na vida dentro da sociedade, uma abundância de personagens de mau caráter. E não só
do sexo masculino, como é evidente, mas com uma grande preponderância varonil. Aqui
se observam campanhas vergonhosas de mentiras contra o bom nome das pessoas; lá se
vê um inteligente que compra adoidado e não paga os seus débitos, (mas circula de
Corolla); acolá se constata uma pessoa, vestida com os requintes da moda, mas com
uma vida sexual promíscua e infiel. O povo os mima com a alcunha de “safados”, “sem-vergonhas”,
“canalhas”, “velhacos” e outros nomes com os quais a língua portuguesa é muito pródiga.
Cheguei a estas conclusões: podem até ser pessoas que guardaram a fé. Mas não participam
da vida comunitária, nem muito menos tem paciência para suportar uma missa. Aí se
verifica uma lógica interna irrefreável. Só quem procura levar a vida de um justo,
ouve com prazer a lei do Senhor, e a medita dia e noite. O salmista arrisca uma explicação:
“Os pecadores não ficarão de pé na reunião dos justos” (Sl 1, 5). Todos nós poderemos
alcançar a santidade de vida, se adequarmos nossa vida à de Jesus, “o santo e justo”
(At 3, 14). Eis o grande ideal para santos e pecadores.
Dom Aloísio
Roque Oppermann scj - Arcebispo de Uberaba, MG. Endereço eletrônico: domroqueopp@terra.com.br