São José do Rio Preto, 27 ago (RV) - No mundo da ciência e da tecnologia, a
palavra de ordem que comanda é a “perfeição”, a alta definição. Acontece que isto
não satisfaz às exigências dos seus destinatários, isto é, a realização da felicidade
da realidade social. As pessoas não têm sido mais felizes por isto. É sinal de que
algo não está totalmente certo e perfeito.
De outro lado, temos os indicativos
precisos da Palavra de Deus. Jesus convida as pessoas para que deixem a arrogância,
a auto-suficiência, o querer ocupar os primeiros lugares e o ser melhor do que os
outros. A forma de ser feliz passa por outros caminhos, pela prática da sabedoria
e da gratuidade.
Não podemos nos conformar com uma cultura de “qualidade total”
no seu instrumental de ação deixando na marginalidade os pobres, os aleijados, os
coxos, os cegos e desvalidos de hoje. Um tempo de prosperidade e de desenvolvimento
não pode ser excludente a ponto de privilegiar alguns e não levar em conta a maioria
da população.
Um mundo de igualdade, apesar dos direitos individuais adquiridos
honestamente, leva a superar as desigualdades e a competição social que existe. Não
é fácil entender e praticar a proposta do Evangelho quando diz que “o primeiro é aquele
que serve, o maior é o último”. Nestas atitudes estão os autênticos valores para o
cristão.
A sociedade capitalista vive num intercâmbio de favores. Ela negocia
com quem é capaz de competir, deixando de lado o valor da gratuidade, do perdão a
quem não pode pagar e da realidade do pobre. Esses últimos não têm lugar à mesa da
classe abastarda e privilegiada na posse de bens materiais.
O importante é
viver com sabedoria, confiante em Deus e na humildade de coração. O afeto das pessoas
e de Deus se conquista com os gestos simples de humildade, muito mais do que com presentes
valiosos, mas sem a força do amor e da espiritualidade. Isto significa que os mistérios
de Deus são revelados aos simples e não aos orgulhosos e auto-suficientes.
Dom
Paulo Mendes Peixoto Bispo de São José do Rio Preto