Não cessar de procurar a Verdade, como fez Santo Agostinho, foi o convite do Papa
durante a audiência geral, com um apelo ao fim da violência na Somália
(25/8/2010) "È paradoxal que na nossa época se indique o relativismo como uma verdade
que há-de guiar opções e comportamentos". Palavras de Bento XVI, introduzindo a audiência
geral desta quarta-feira, em Castelgandolfo, na presença de umas quatro mil pessoas.
O Papa reflectiu sobre a busca do sentido da vida que acompanha a existência dos homens
de todos os tempos e que porventura se encontra hoje em dia posta de lado em muitas
expressões da cultura. Bento XVI comentava o testemunho da vida de Santo Agostinho,
de que a Igreja faz memória no próximo dia 28. Para ele - observou o pontífice - o
caminho não foi nada fácil, mas nunca viveu de modo superficial nem se contentou com
aquilo que lhe dava alguma luz - como uma prestigiosa carreira, o possuir, as vozes
que lhe prometiam a felicidade imediata. "Na sua inquieta busca - prosseguiu Bento
XVI - Santo Agostinho compreendeu que não era ele a encontrar a Verdade, mas que era
a própria Verdade em pessoa - Deus - a procurá-lo e a encontrá-lo". Para o Santo,
neste caminho em direcção à Verdade, é fundamental o silêncio: "é preciso que se calem
as criaturas, para que se faça silêncio e Deus possa falar". "Isto é verdade também
no nosso tempo: por vezes existe uma espécie de medo do silêncio, do recolhimento,
um receio de pensar nas próprias acções, no sentido profundo da vida". "Muitas vezes
prefere-se viver só o momento passageiro, na ilusão de que este traga uma felicidade
duradoura. Prefere-se viver com superficialidade, por que parece que a vida é mais
fácil assim, sem pensar. Tem-se medo de procurar a Verdade. Ou é porventura o receio
de que a Verdade nos encontre, tome conta de nós e nos transforme a vida, como aconteceu
com Santo Agostinho". "Queridos irmãos e irmãs, quereria dizer-vos a todos, mesmo
a quem se encontra num momento de dificuldade no seu caminho de fé, ou que pouco participa
da vida da Igreja, ou vive como se Deus não existisse: a todos peço que não tenham
medo da verdade, que nunca interrompam o caminho em direcção a ela, que nunca deixem
de procurar a verdade profunda sobre nós mesmos e sobre as coisas, com o olhar interior
do coração". "Deus - insistiu - não deixará de dar a Luz para vermos e de imprimir
o calor necessário para deixar o nosso coração perceber que Ele nos ama e deseja ser
amado".
Nesta audiência, em que se meditou, como dizíamos, especialmente
sobre Santo Agostinho, e sua mãe Mónica, que a Igreja celebra nestes dias, Bento XVI
recomendou a todos os fiéis que cada um havia de ter algum santo que lhe seja mais
familiar, para o sentir próximo com a oração e intercessão, mas também para o imitar: "Quereria
convidar cada um de vós a conhecer melhor os santos (a começar por aquele que corresponde
ao próprio nome), tentando conhecer a respectiva vida e os escritos Tende a certeza
de que tal constituirá uma válida ajuda para o vosso crescimento humano e espiritual.
Como sabeis, também eu estou ligado a algumas figuras de santos, nomeadamente São
José e São Bento, e também santo Agostinho. que tive ocasião de conhecer mais de perto
através do estudo e da oração e que se tornou de certo modo meu companheiro de viagem
na minha vida e ministério". Não faltou nesta audiência uma saudação do Papa em
língua portuguesa Queridos peregrinos
vindos do Brasil e de Portugal, a minha saudação amiga para todos vós, em especial
para os grupos paroquiais de Unhos, Catujal e Viseu. Recordamos nestes dias Santo
Agostinho e sua mãe, Santa Mónica, testemunhas de como Jesus Cristo Se deixa encontrar
por quantos O procuram. E, com Ele, a vossa vida não poderá deixar de ser feliz.