Jos, 24 ago (RV) - Os episódios de violência que abalaram o Estado de Plateau
(Nigéria central) durante os últimos meses estiveram no centro da Oitava Assembléia
Geral da Arquidiocese de Jos, capital do Estado, cujo tema foi “os desafios de conflitos
religiosos e políticos para a Igreja no Estado de Plateau”. A Assembléia realizou-se
entre os dias 16 e 20 de agosto no centro pastoral “Sagrado Coração”, de Jos. “A Assembléia
Geral deplorou a perda de vidas e bens causados pela recente crise e enviou suas condolências
às famílias dos falecidos, rezando pelas suas almas”, afirma o comunicado final.
“Não
há dúvida de que, direta ou indiretamente todos nós sofremos por causa da crise que
abalou o Estado”, continua o documento. “Apesar dos grandes desafios econômicos, políticos,
sociais e de segurança que enfrentamos no Estado e em geral no país, incentivamos
os cristãos a não perderem a fé no Deus Todo-Poderoso, nem permanecerem paralisados
pelo medo e raiva, mas sim, a renovarem o seu amor a Deus e ao próximo. A Igreja continuará
a ensinar o amor, a paz, a reconciliação a todo o custo.
“Todo católico
é chamado a ser um agente das mudanças que queremos”, destaca o comunicado. “Rezamos
pela paz em nossos corações, nossos lares, em nosso Estado e país. Procuremos ser
os primeiros a dizer “não à violência” e de estar na vanguarda do desenvolvimento
de uma cultura de paz e de não violência”.
A Assembleia depois de
agradecer as forças de ordem e as autoridades do governo pelos seus esforços para
manter a paz na região, convida todos os cidadãos a não fazer justiça com suas próprias
mãos, mas de informar as forças de segurança sobre todos os movimentos suspeitos.
A mensagem lamenta “a polarização das nossas comunidades”, com base
em ser cristão ou muçulmano, porque isso comporta “ulteriores suspeitas, desconfianças
e medos”, e adverte para o crescimento do extremismo religioso. “Reafirmamos a importância
do diálogo na resolução dos conflitos. A posição da Igreja Católica é que o diálogo
continua a ser um verdadeiro instrumento para a paz. As crises recentes têm gerado
desconfiança e será necessário um grande trabalho para recuperar a confiança e o respeito
entre muçulmanos e cristãos”.
A partir do debate da Assembléia surgiram
diversas posições sobre as causas da violência. “A falta de uma compreensão clara
sobre a origem e as causas da crise tem causado problemas, também entre os cristãos.
Enquanto alguns consideram a crise como uma tentativa dos muçulmanos de invadir o
espaço sagrado daquele que é considerado um estado profundamente cristão, outros pensam
que as causas da crise são étnicas, sociais e políticas, mas com uma coloração religiosa.
As crises devem ser enquadradas na justa perspectiva. As causas são muitas e, portanto,
não se pode responsabilizar apenas a religião”, destaca a mensagem. (SP)