2010-08-21 14:26:01

EDITORIAL: UM FIO DE ESPERANÇA


Cidade do Vaticano, 21 ago (RV) - A notícia da retomada das negociações face a face, no próximo dia 2 de setembro, entre israelenses e palestinos era uma daquelas notícias que se esperava há muito tempo: fez o giro do mundo em poucos minutos provocando ao mesmo tempo esperança e ceticismo: esperança de que o suspiro de paz para aquela região martirizada seja uma realidade e ceticismo de que será mais um encontro sem conclusões, pois ambos os lados estão muito distantes em suas propostas. O importante é que israelenses e palestinos concordaram em retomar as negociações diretas de paz, e assim o Premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e o Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, estarão frente a frente pela primeira vez desde dezembro de 2008.

Durante muitas semanas, os dois lados discordaram sobre como deveriam se dar as negociações. Por um lado, Netanyahu vinha insistindo que não lhe fossem impostas pré-condições. Por outro, Abbas exigiu receber garantias de que o futuro Estado palestino que venha a surgir das negociações seja baseado nas fronteiras de Israel de antes da Guerra dos Seis Dias, de 1967. Os dois lados vinham sendo pressionados por Washington para que as negociações diretas fossem retomadas antes de 26 de setembro, quando termina uma suspensão, de dez meses das construções de assentamentos, adotada por Israel.

Neste novo cenário o que pensam os dois líderes envolvidos nesse encontro? Netanyahu é a favor da criação de um Estado palestino, mas quer que ele seja desmilitarizado e que reconheça a existência do Estado de Israel. Para ele, Jerusalém - cuja parte oriental os palestinos querem que seja a capital do seu futuro Estado - deve ser considerada a capital eterna e indivisível de Israel. Já Mahmoud Abbas quer um Estado viável e independente ocupando a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, com capital em Jerusalém Oriental.

O processo de paz permanece estagnado desde dezembro de 2008, após a operação militar israelense contra Gaza chamada “Chumbo Fundido”, na qual morreram 1.400 palestinos, em sua maioria civis. A decisão palestina de reiniciar o diálogo com Israel recebeu críticas internas. O movimento islâmico Hamas, que governa de fato a faixa de Gaza, rejeitou o retorno ao diálogo.

Esse é o cenário atual onde se inserem as esperanças e os ceticismos, mas o importante é que os líderes se encontrem, conversem, dialoguem: é necessário trabalhar muito e rápido para que haja um acordo de paz nos próximos meses. A decisão de ambas as partes de comprometerem-se com conversações substanciais representa um passo maior no caminho para uma paz justa e duradoura na região, um objetivo que esperamos se possa alcançar.

Quando nos meses passados o Papa Bento XVI recebeu no Vaticano os membros da ROACO, a Obra de ajuda às Igrejas Orientais, o Santo Padre falou do dom de uma paz estável, que é o desejo de todos para a Terra Santa e o Oriente Médio. “Paz, todavia, que só pode nascer do respeito pelos direitos humanos, famílias, comunidades e povos, superando a discriminação religiosa, cultural ou social”.

A retomada rápida do processo de paz para aquela martirizada terra é crucial e nos faz esperar, com “um fio de esperança”, que a terra que viu nascer e crescer o “Verbo” possa finalmente ser terra de paz e de respeito. Um desejo que os homens de boa vontade de todo o mundo nestes dias expressam com maior confiança. (SP)








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