"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS": EXORTAÇÃO DE JESUS A PEDRO, NAS REFLEXÕES DE BENTO
XVI
Cidade do Vaticano, 21 ago (RV) - A Igreja celebra neste sábado São Pio X.
O Evangelho da memória litúrgica narra o encontro entre Pedro e Cristo Ressuscitado,
às margens do Lago de Tiberíades. O Senhor pergunta três vezes ao discípulo se o ama,
exortando-o a apascentar as suas ovelhas. Bento XVI deteve-se reiteradas vezes sobre
essa passagem evangélica. Aproveitamos para percorrer alguns pensamentos do Pontífice
sobre o governo pastoral confiado por Jesus a Pedro e aos seus Sucessores.
Rezemos
ao Senhor a fim de que nos conceda "um pastor segundo o seu coração, um pastor que
nos conduza ao conhecimento de Cristo, ao seu amor, à verdadeira alegria": era 18
de abril de 2005, quando Joseph Ratzinger pronunciou essas palavras.
O então
Cardeal Decano celebrava a Missa pro eligendo Romano Pontifice, na vigília do Conclave.
No dia seguinte, o purpurado foi eleito Papa, sendo assim chamado a apascentar as
ovelhas, justamente como Pedro, dois mil anos atrás. É uma tarefa que supera as forças
humanas e, por isso, Bento XVI pede a oração dos fiéis, das ovelhas que lhe foram
confiadas pelo Senhor:
"Rezem por mim para que eu aprenda a amar sempre mais
o Seu rebanho – vocês, a Santa Igreja, cada um de vocês singularmente e vocês todos
juntos. Rezem por mim, para que eu não fuja com medo, diante dos lobos. Rezemos uns
pelos outros." (Missa de início do Pontificado, 24 de abril de 2005)
A
missão do pastor – recorda o Santo Padre – deve nascer do amor por Cristo. Portanto,
é preciso seguir o Senhor, deixar-se conduzir por Ele, entrar na sua dimensão de amor
infinito:
"Devemos nos recordar sempre que para todo Pastor, a condição do
seu serviço é o amor por Cristo, ao qual nada deve ser anteposto. "Simão, filho de
João, tu me amas?" A pergunta de Jesus a Pedro ressoa sempre em nosso coração, caros
Irmãos, e suscita, toda vez, a nossa resposta, de modo novo e comovido: "Senhor, tu
sabes tudo; tu sabes que te amo"." (Audiência aos novos metropolitas, 30 de junho
de 2008)
Bento XVI reitera que os pastores "são o meio através do qual
Cristo ama os homens". E, portanto, "o encontro pessoal e constante com o Senhor"
constitui a base do ministério pastoral:
"Para ser Pastor segundo o coração
de Deus (cfr Jr 3, 15) é preciso estar profundamente radicado na viva amizade
com Cristo, não somente no que concerne à inteligência, mas também à liberdade e à
vontade. É preciso uma clara consciência da identidade recebida na Ordenação Sacerdotal,
uma disponibilidade incondicionada a conduzir o rebanho confiado para onde o Senhor
quer, e não na direção que, aparentemente, parece mais conveniente ou mais fácil."
(Audiência Geral, 26 de maio de 2010)
Pedro – recorda o Pontífice –
"em si não era uma rocha, mas um homem frágil e inconstante". O Senhor, porém, "quis
fazer justamente dele a pedra e demonstrar que, através de um homem frágil", Ele sustenta
a Igreja e a mantém unida. O Papa volta às palavras do Senhor a Pedro: "Apascenta
as minhas ovelhas":
"Daquele dia em diante Pedro "seguiu" o Mestre com a precisa
consciência da própria fragilidade; mas essa consciência não o desencorajou. De fato,
ele sabia que podia contar com a presença do Ressuscitado junto a si." (Audiência
Geral, 24 de maio de 2006)
"Dos ingênuos entusiasmos da adesão inicial
– prossegue Bento XVI – passando pela experiência dolorosa da negação e do pranto
da conversão, Pedro conseguiu confiar naquele Jesus que se adequou à sua pobre capacidade
de amor". Portanto, a experiência de redenção de Pedro torna-se também para nós um
exemplo que nos encoraja, que nos convida a esperar no Senhor:
"Mostra assim
também a nós o caminho, apesar da nossa fraqueza. Sabemos que Jesus se ajusta a essa
nossa fraqueza. Nós o seguimos com a nossa pobre capacidade de amor, e sabemos que
Jesus é bom e nos aceita." (Audiência Geral, 24 de maio de 2006) (RL)