2010-08-20 19:48:23

CHILE: MAPUCHES EM GREVE DE FOME, DENUNCIA SACERDOTE


Santiago, 20 ago (RV) - O coordenador da Comissão Pastoral Mapuche da Zona Sul do Chile, Pe. Fernando Díaz, informou que os 32 indígenas que compõem essa comunidade estão há 38 dias em greve de fome, numa prisão da região de Araucanía, e que as condições de saúde deles estão "se deteriorando" rapidamente.

"Criminaliza-se a demanda mapuche, leva-se simplesmente como um delito, sem enfrentar o problema real que é a demanda e a reivindicação justa do povo mapuche, reconhecida internacionalmente pelas Nações Unidas" – declarou o sacerdote ao site do jornal "La Tercera".

Ele acrescentou que os governos não têm uma compreensão real do que é a questão indígena e continuam reduzindo-a a um problema de "vamos dar subsídios, vamos dar dinheiro e não vamos permitir nenhuma desordem".

Segundo o sacerdote, os mapuches, que constituem o principal grupo étnico do Chile, estão nessas condições "apesar de estarem ingerindo bastante líquido".

Os indígenas em greve de fome respondem a processos incluídos na Lei Antiterrorista, depois de terem sido vinculados a incêndios, e iniciaram o protesto para reivindicar a devolução de terras que consideram ancestrais.

A norma – criada durante a ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990) – está sendo aplicada contra os mapuches pelo atual governo, de Sebastián Piñera, assim como fez o anterior, de Michelle Bachelet (2006-2009). Ela é usada quando se considera que os indígenas cometeram delitos no espaço público ao fazer reclamações por terras.

"Nem os parlamentares nem os partidos políticos levam a sério o povo mapuche" – protestou o coordenador da pastoral. "Utilizam-no para seus votos, há um uso muito sujo para suas campanhas, mas depois, na hora de tomar decisões políticas, econômicas e sociais, nos esquecem" – completou.

Pe. Díaz explicou que "o povo mapuche não é o mesmo de 20 anos atrás nem de 30 anos; hoje em dia há uma consciência muito maior de quais são seus direitos".

O sacerdote advertiu que o conflito continuará piorando, já que "os interesses sobre as terras de Araucanía se mantêm na linha histórica de exploração de uma política que não considera o meio ambiente, muito menos os direitos dos povos indígenas". (AF)







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