MORRE EM ROMA, AOS 75 ANOS, PRESIDENTE DA PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS
Cidade do Vaticano, 17 ago (RV) - Faleceu na noite desta segunda-feira em Roma,
aos 75 anos, o Presidente da Pontifícia Academia das Ciências, o físico italiano Nicola
Cabibbo. Nos últimos anos, após ter trabalhado na Organização Europeia para a Pesquisa
Nuclear, em Genebra, na Suíça, ensinou nas Universidades de Roma "La Sapienza" e "Tor
Vergata". Foi também Presidente do Instituto Italiano de Física Nuclear.
As
exéquias se realizarão nesta quarta-feira pela manhã, na Basílica de São Lourenço
Fora dos Muros, em Roma, e serão presididas pelo chanceler da Pontifícia Academia
das Ciências, Dom Marcelo Sánchez Sorondo. Como cientista e homem de fé, Dr. Cabibbo
discorreu, em diversas ocasiões, sobre a relação entre evolução e criação.
Nicola
Cabibbo – um dos físicos italianos mundialmente mais renomados pela contribuição dada
para o conhecimento do mundo das partículas elementares – era, desde 1993, Presidente
da Pontifícia Academia das Ciências.
Abordou reiteradas vezes o tema
da relação entre fé e ciência, reiterando que a base dessa relação é o respeito recíproco.
Não
devem ser colocados limites à pesquisa, mas é necessário – observava o físico italiano
– considerar as possíveis implicações éticas. Numa entrevista concedida em 2008 à
Rádio Vaticano, ele ilustrava com estas palavras o papel da ciência:
Nicola
Cabibbo:- "Considero ser muito belo recordar que o centro de tudo é o homem, o
amor. A ciência tem o seu papel, não há duvida sobre isso: a ciência tem um papel
que se torna cada vez mais importante na vida humana. A ciência é um elemento importante
na continuação da vida humana. Desse ponto de vista, jamais vi contraste entre ciência
e amor."
A herança do Dr. Cabibbo alcança vastos campos do saber. Mas
se somam à qualidade de cientista – distinto no campo da física – também e, sobretudo,
as suas extraordinárias qualidades humanas, como nos ressalta o docente de Filosofia
da natureza e da ciência na Pontifícia Universidade Lateranense e Decano da Faculdade
de Filosofia, Mons. Gianfranco Basti, entrevistado pela nossa emissora:
Mons.
Gianfranco Basti:- "Naturalmente, o conheci tendo tido em várias ocasiões a oportunidade
de encontrá-lo. Ele levou também para a Pontifícia Academia das Ciências aquela humildade
que é própria de todos os grandes homens. Era um homem de grande valor e, justamente
por isso, era extremamente humilde, e com essa humildade trabalhou também na Pontifícia
Academia das Ciências, levando para o diálogo entre ciência e fé aquele mesmo rigor
que tinha no campo científico." (RL)