COLÔMBIA: PRESIDENTE DESCARTA DIÁLOGO COM AS FARC APÓS ATENTATO EM BOGOTÁ
Bogotá, 14 ago (RV) - A possibilidade de um diálogo de paz com a guerrilha
das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foi eliminada, depois que o
Presidente Juan Manuel Santos afirmou, nesta sexta-feira que não há condições para
isso. A afirmação do chefe de Estado colombiano foi motivada pela explosão de um carro-bomba
em Bogotá.
"Quando o governo considerar que existem circunstâncias apropriadas,
abriremos as portas ao diálogo" – disse Santos, durante uma cerimônia militar na cidade
de Popayán, 600km a sudoeste da capital, Bogotá.
No ato de sua posse, no sábado
passado, Juan Manuel Santos havia deixado entreaberta a porta do diálogo com as Farc,
com a condição de que abandonassem a violência.
"Aos grupos armados ilegais
que invocam razões políticas e hoje falam novamente de diálogo e negociação, digo
que meu governo estará aberto a qualquer conversação voltada à erradicação da violência,
e à construção de uma sociedade mais próspera e justa" - dissera Santos, em referência
tácita às Farc.
O líder da guerrilha, Alfonso Cano, havia manifestado desejo
de dialogar com as autoridades, em vídeo divulgado há uma semana. Logo em seguida,
Santos condicionou esse eventual diálogo à libertação dos reféns e ao fim de atos
terroristas, entre outras exigências.
Com cerca de oito mil combatentes segundo
o exército, as Farc lutam contra o Estado colombiano há 46 anos, sendo a principal
guerrilha do país, seguida pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), com 3.500 efetivos.
Santos
reafirmou que, no momento, "fica absolutamente desautorizada qualquer gestão paralela",
em clara alusão à oferta da senadora Piedad Córdoba, que conversou sobre o assunto
na quinta-feira, com o líder cubano, Fidel Castro.
O presidente fez questão
de deixar clara essa posição, no dia seguinte à explosão de um carro-bomba na zona
norte de Bogotá, onde fica a Rádio Caracol, um possível alvo, segundo as autoridades.
A autoria do atentado, que deixou nove pessoas feridas e causou danos materiais em
prédios próximos, ainda não foi estabelecida.
O ministro da Defesa, Rodrigo
Rivera, disse nesta sexta-feira que nenhuma hipótese foi descartada, admitindo que
o ataque poderia ser obra das Farc ou de grupos da extrema-direita.
Santos
anunciou, nesta sexta-feira, uma recompensa de 500 milhões de pesos (273.000 dólares)
a quem puder fornecer qualquer informação que permita esclarecer o atentado. Para
o ataque foi usado um carro carregado com 50 quilos de nitrato de amônio e uma pipeta
de gás propano, informou o prefeito da cidade, Samuel Moreno. (AF)