2010-08-10 15:29:24

RDC: MISSIONÁRIO BRASILEIRO RELATA AGRESSÃO


Cidade do Vaticano, 10 ago (RV) - Missionário brasileiro, natural da cidade de Brusque – SC, residente em Butembo, na República Democrática do Congo, Padre Osnildo Carlos Klann, SCJ, relata agressão contra comunidade Dehoniana. Numa carta, ele descreve uma “noite de terror” nas mãos de bandidos que assaltaram a sua casa e mantiveram seus integrantes por mais de duas horas como reféns. Padre Osnildo, mestre de noviços, inicia seu relato contando que tudo começou após a oração da noite do dia 3 de agosto último, por volta das 20h30'.

“Quando íamos saindo da capela - conta o sacerdote - três bandidos, bem armados, nos obrigaram a entrar de novo e começaram a roubar, antes de tudo, os telefones celulares (dois somente, pois os noviços não têm celulares) e algumas jaquetas. Reuniram todos os noviços perto do altar. Eu fiquei no banco atrás. Ninguém podia falar. Eles falavam kinande e swahili. Sentado no banco de trás, rezava o terço pedindo a Deus, à Virgem Maria e ao Padre Dehon que nos protegessem. Aconselhava os noviços a se manterem calmos e a rezarem.”

O missionário continua a sua narração dos momentos de terror dizendo que os bandidos se dirigiram a ele através de um intérprete, exigindo dinheiro. “Conduziram-me ao meu quarto”, escreve o sacerdote. “Tive de abri-lo”. Insistiam: “dinheiro, dinheiro…”. Eu dizia: “não tenho mais”. Dei para eles o que ainda tinha na gaveta: 5 dólares e alguns francos congoleses. O chefe, olhou; ficou furioso, jogou o dinheiro na minha cara, e com a espingarda no meu peito dizia: “um padre já morreu porque não quis entregar o dinheiro”. Eu repetia: “não tenho mais nada.” Enquanto isso, dois outros bandidos revistavam meu quarto.

Continuando a narração, Padre Osnildo afirma que eles reviraram tudo, eram pessoas ignorantes. Um deles pegou a sua câmara fotográfica, mas não sabia do que se tratava. Perguntou quanto valia. “Respondi que mais ou menos 300 dólares. Ficou contente”. Enquanto isso, o chefe, ordenou que ele se deitasse de costas para cima e colocasse os braços para trás. Ali começou o suplício, a tortura física. Com a corda que ele arrancou de uma cortina do quarto, amarrou-o fortemente. O sacerdote gritava de dor. Os noviços que estavam presos na capela escutavam seus gritos. E apertavam cada vez mais as cordas. Os noviços pensavam que eles estavam matando o padre.

O chefe do bando dos bandidos mais uma vez reforçou as suas palavras: “Não estou brincando. Quero dinheiro”. Depois de saquear o quarto, levaram o missionário para frente da capela. Enquanto isso, eles pegaram dois ou três noviços e os levaram para os seus respectivos quartos, onde roubaram tudo o que podiam. Depois os trancaram em seus quartos. Assim ocorreu com os 26 noviços. Limparam o que puderam.

Depois de 2 horas de tormento – escreve ainda P. Osnildo - eles pediram o vinho de missa. Tinha metade de uma garrafa. Eles levaram. Saíram da capela e disseram: “Vai dormir”. “Graças a Deus, eles não tentaram profanar o sacrário. Estava firmemente decidido a não permitir tal profanação, mesmo sofrendo as ameaças de punhal e de espingarda.”

Segundo os noviços o grupo de bandidos era numeroso. A casa estava rodeada de homens bem armados. Os noviços ficaram traumatizados, descreve o sacerdote. Depois do assalto, reuniu os noviços na capela para agradecer a Deus, à Virgem Maria e ao Padre Dehon a graça da vida.

Com o telefone conseguiram entrar em contato com Kisangani e Kisangani chamou as autoridades de Butembo. A resposta: “estamos a caminho”. Não chegaram até o dia seguinte. Somente dois militares, de moto, foram até o local às 8 horas da manhã do dia seguinte, para fins de estatística de assaltos.

O sacerdote concluiu a sua carta com palavras sobre a realidade local: “Butembo está nas mãos de bandidos! Vive-se aqui uma guerra cruel: o povo pobre vive sem proteção, contra os marginais, os bandidos bem armados, e às vezes mesmo até contra os próprios militares.”

Os bandidos quando deixaram a casa encontraram um pobre homem que resistiu ao assalto. Foi morto pelos agressores. (SP)







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