PAQUISTÃO: ARCEBISPO DE LAHORE DENUNCIA ÊXODO DOS CRISTÃOS
Roma, 09 ago (RV) – No dia 19 de julho passado, dois irmãos cristãos foram
assassinados em Faisalabad, Paquistão, quando saíam do tribunal que acabara de absolvê-los
da acusação de blasfêmia. Esse foi apenas o último de uma série de atos violentos
cujo alvo são – sempre mais frequentemente – os cristãos, no país.
A denúncia
é do arcebispo de Lahore, Dom Lawrence John Saldanha, presidente da Conferência Episcopal
Paquistanesa, alertando que os cristãos começaram a abandonar maciçamente o país,
como o fizeram, por exemplo, no Iraque.
Os primeiros a partir, segundo o prelado,
são os cristãos mais instruídos. Deixam o Paquistão com destino à França, Alemanha,
Estados Unidos e Inglaterra. O fato de partirem os mais instruídos agrava o problema
porque – diz o prelado – fica "cada vez mais difícil mandar avante a vida da própria
Igreja". "É difícil – diz o arcebispo em entrevista à agência de notícias ASCA – encontrar
leigos preparados que aceitem assumir cargos de responsabilidade nas dioceses."
Os
cristãos no Paquistão são pouco mais de dois milhões numa população de 175 milhões
de habitantes, em sua esmagadora maioria, muçulmanos. Os católicos concentram-se,
sobretudo, na província de Punjab – a maior e mais populosa – dividida em sete dioceses.
Trata-se
de uma Igreja "muito pobre e oprimida" – narra Dom Saldanha, nascido na Índia 73 anos
atrás e arcebispo de Lahore desde 2001.
O verdadeiro problema para os católicos
do Paquistão, segundo o arcebispo – assim como para as minorias religiosas em geral
– é a lei sobre a blasfêmia. Aprovada 25 anos atrás, ela permite punir, até mesmo
com a morte, qualquer pessoa que seja considerada culpada de "ofender o profeta Maomé
ou o Alcorão".
As acusações – denuncia o prelado – muitas vezes são inventadas
ou distorcidas: "Devemos sofrer ataques por presumíveis atos de blasfêmia que as pessoas
afirmam que cometemos contra o Islã. A lei é "usada" para oprimir os cristãos e também
para matá-los, ou até mesmo para exercer pressão contra eles e obrigá-los à conversão"
– diz Dom Saldanha.
O arcebispo afirma que, sobretudo após os ataques de 11
de setembro, em Nova York, há muito ódio no Paquistão contra as religiões, sobretudo
contra os cristãos.
"O governo – denuncia o arcebispo de Lahore – não faz
muito para combater as violências contra os cristãos, porque tem medo dos fundamentalistas.
Em outubro do ano passado, o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, foi
recebido em audiência por Bento XVI. Na ocasião, o chefe de Estado prometeu ao pontífice
melhorar as condições dos cristãos, acabar com as violências e aumentar o empenho
do governo em defesa dos mesmos, a começar da revisão da lei sobre a blasfêmia. Apesar
das promessas, nada foi feito porque – segundo Dom Saldanha – "o presidente não tem
apoio e teme a reação dos fundamentalistas". (AF)