2010-08-09 18:42:20

PAQUISTÃO: ARCEBISPO DE LAHORE DENUNCIA ÊXODO DOS CRISTÃOS


Roma, 09 ago (RV) – No dia 19 de julho passado, dois irmãos cristãos foram assassinados em Faisalabad, Paquistão, quando saíam do tribunal que acabara de absolvê-los da acusação de blasfêmia. Esse foi apenas o último de uma série de atos violentos cujo alvo são – sempre mais frequentemente – os cristãos, no país.

A denúncia é do arcebispo de Lahore, Dom Lawrence John Saldanha, presidente da Conferência Episcopal Paquistanesa, alertando que os cristãos começaram a abandonar maciçamente o país, como o fizeram, por exemplo, no Iraque.

Os primeiros a partir, segundo o prelado, são os cristãos mais instruídos. Deixam o Paquistão com destino à França, Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra. O fato de partirem os mais instruídos agrava o problema porque – diz o prelado – fica "cada vez mais difícil mandar avante a vida da própria Igreja". "É difícil – diz o arcebispo em entrevista à agência de notícias ASCA – encontrar leigos preparados que aceitem assumir cargos de responsabilidade nas dioceses."

Os cristãos no Paquistão são pouco mais de dois milhões numa população de 175 milhões de habitantes, em sua esmagadora maioria, muçulmanos. Os católicos concentram-se, sobretudo, na província de Punjab – a maior e mais populosa – dividida em sete dioceses.

Trata-se de uma Igreja "muito pobre e oprimida" – narra Dom Saldanha, nascido na Índia 73 anos atrás e arcebispo de Lahore desde 2001.

O verdadeiro problema para os católicos do Paquistão, segundo o arcebispo – assim como para as minorias religiosas em geral – é a lei sobre a blasfêmia. Aprovada 25 anos atrás, ela permite punir, até mesmo com a morte, qualquer pessoa que seja considerada culpada de "ofender o profeta Maomé ou o Alcorão".

As acusações – denuncia o prelado – muitas vezes são inventadas ou distorcidas: "Devemos sofrer ataques por presumíveis atos de blasfêmia que as pessoas afirmam que cometemos contra o Islã. A lei é "usada" para oprimir os cristãos e também para matá-los, ou até mesmo para exercer pressão contra eles e obrigá-los à conversão" – diz Dom Saldanha.

O arcebispo afirma que, sobretudo após os ataques de 11 de setembro, em Nova York, há muito ódio no Paquistão contra as religiões, sobretudo contra os cristãos.

"O governo – denuncia o arcebispo de Lahore – não faz muito para combater as violências contra os cristãos, porque tem medo dos fundamentalistas.

Em outubro do ano passado, o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, foi recebido em audiência por Bento XVI. Na ocasião, o chefe de Estado prometeu ao pontífice melhorar as condições dos cristãos, acabar com as violências e aumentar o empenho do governo em defesa dos mesmos, a começar da revisão da lei sobre a blasfêmia. Apesar das promessas, nada foi feito porque – segundo Dom Saldanha – "o presidente não tem apoio e teme a reação dos fundamentalistas". (AF)








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