Comunidade africana em Portugal peregrinou ao Santuário de Fátima
(9/8/2010) Numa organização da Capelania dos Africanos do Patriarcado de Lisboa,
a comunidade africana em Portugal peregrinou sábado passado ao Santuário de Fátima.
Sob o lema «Santa Maria Mãe de Deus, rogai pelo continente Africano!» largas centenas
de pessoas levaram os sons, as cores e as tradições dos povos africanos a este santuário,
num saudável convívio entre cultura e fé católica. Presidiu à peregrinação o bispo
guineense de Bissau, D. José Camnate. A Eucaristia foi celebrada na Igreja da Santíssima
Trindade, ocasião em foi transmitida uma nota de esperança, mas em que também foram
lembrados os verdadeiros anseios dos povos africanos. “Temos muitas razões para
rezarmos a Deus por intercessão da Virgem Maria que deste lugar sagrado, há quase
um século, pediu conversão e penitência”, afirmou D. Camnate na homilia, acrescentando
de seguida quais os principais desafios por que África ainda tem de passar: “eliminar
a guerra”, “eliminar a doença, a sida”, “eliminar a fome e a pobreza”, o tráfico de
droga e a exploração. O principal pedido apresentado a Nossa Senhora foi “a paz
para as nossas famílias, a paz para os nossos países”. Nascido na Guiné e actualmente
bispo de Bissau, D. José Camnate falou em particular do seu país e apelou todos os
guineenses que se esforcem para evitar uma guerra civil como a de 1998-1999.
Após a celebração da Eucaristia, em declarações à Agência LUSA, D. José Camnate vincou
a importância de se fazer " uma radiografia completa, autêntica, da situação do país
(Guiné) e que se invista em tudo quanto possa criar condições para que haja um diálogo
sincero, para que se possam construir consensos que permitam pôr uma base sólida para
uma vida política, social e económica capaz de dar ao guineense aquela tranquilidade
e serenidade interior de que precisa para pensar no seu futuro".
Em declarações
à mesma agência, D. José Camnate afirmou que o povo guineense está a sofrer porque
vive numa sociedade "ainda não bem organizada", que não consegue fazer "emergir líderes
carismáticos" nem criar um projecto de desenvolvimento "que leve cada guineense a
sentir o desejo de contribuir para a realização desse mesmo projecto". Sublinhou também
que o eventual envio de uma força internacional de estabilização para a Guiné "não
deve desviar a atenção" dos outros problemas do país.