Em Angola, Comissão Justiça e Paz nacional pede transparência nos contractos para
extracção de diamantes
(8/8/2010) "O Sector Diamantífero e a Transparência em Angola": este o título de
um relatório publicado pelo Departamento para a Justiça Económica da Comissão "Justiça
e Paz", da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe. Com este documento
– lê-se em nota – a Igreja pretende abrir a possibilidade de um diálogo construtivo
entre os responsáveis do sector dos diamantes e a sociedade civil." O Relatório
recorda que, embora a nova Constituição, entrada em vigor em Fevereiro passado, inclua
o direito à informação, tal não é ainda regulamentada na legislação ordinária. De
facto, os contratos estipulados entre a Companhia Mineira do Estado e as outras companhias
de extracção, incluem uma cláusula de confidencialidade, na prática negando o direito
à informação, em matéria tão importante para a economia do país. Sublinha-se pois
a importância da transparência, fundamental, segundo a Doutrina Social da Igreja,
para que todos beneficiem dos recursos naturais do país.
O Documento da Comissão
Justiça e Paz cita o bispo de Dundo, D. Manuel Imbamba, que lembra que, “nas regiões
ricas de diamantes, a actividade extractiva não tem qualquer efeito positivo no nível
de vida da população local, muito pobre, em grande parte analfabeta e sem acesso à
maior parte dos serviços de base”. “As regiões diamantíferas têm uma das mais elevadas
percentagens de desemprego e muitos jovens estão envolvidos na actividade de minas
ilegais, explorados sem qualquer protecção nem garantia O Relatório concentra-se
no crescimento da indústria de minérios angolana entre 2002 e 2009, além de analisar
os efeitos da crise económica, da legislação sobre os diamantes e do desenvolvimento
minerário no país. Outra preocupação revelada pelo documento é a degradação ambiental,
consequência de uma actividade extractiva descontrolada, que acaba por ter efeitos
negativos sobre a agricultura, único sustentamento para as pequenas empresas locais.