MATTEO RICCI: O JESUÍTA QUE ABRIU AS PORTAS AO DIÁLOGO ENTRE OCIDENTE E ORIENTE
Macau, 07 ago (RV) – No âmbito das relações entre a Santa Sé e a China, um
nome volta sempre à mente: o do missionário jesuíta Pe. Matteo Ricci, que abriu as
portas ao diálogo entre Ocidente e Oriente, e mostrou ao Vaticano e à China o caminho
da evolução, um exemplo diplomático válido quatro séculos após a sua morte.
Pe.
Ricci tornou realidade o sonho de São Francisco Xavier: foi o primeiro missionário
católico europeu autorizado a estabelecer-se em Pequim, em 1601, com a missão de evangelizar
a China, vista como a chave da cristianização da Ásia.
Pe. Matteo Ricci (1552-1610),
o "mestre confuciano do Ocidente", como era conhecido pelos intelectuais chineses,
ganhou o respeito do imperador da China, mesmo sem conhecê-lo e escreveu o primeiro
capítulo da história do intercâmbio cultural entre o Gigante Asiático e a Europa.
Ao
introduzir os conhecimentos europeus na China, Pe. Ricci "mostrou ao país que o Ocidente
não era bárbaro" – comentou o presidente do Instituto Ricci, de Macau, o sacerdote
jesuíta polonês, Pe. Artur Wardega, sublinhando que, vice-versa, o missionário deu
também a conhecer à Europa o pensamento chinês, pela tradução de clássicos como Confúcio.
A
estratégia de evangelização adotada por Pe. Matteo Ricci, que consentiu aos cristãos
chineses a manutenção de práticas consideradas na Europa como superstições, como a
adoração dos antepassados, designadamente de Confúcio, foi condenada pela Santa Sé
até 1939.
Para o Pe. Luís Sequeira, fundador do Instituto Ricci, de Macau,
o missionário italiano – sepultado em Pequim – "mostrou como deve evoluir a Igreja
e a própria China": um caminho baseado no "diálogo e na compreensão entre culturas
e religiões". (AF)