EX-PRESOS CUBANOS DEFENDEM STATUS DE REFUGIADOS POLÍTICOS NA ESPANHA
Madri, 04 ago (RV) - O status de refugiado político é o melhor trunfo para
enfrentar a "deportação" de Cuba e reivindicar a libertação dos presos políticos que
ainda estão na ilha, disseram nesta quarta-feira à agência espanhola de notícias –
EFE – vários dissidentes libertados pelo governo de Raúl Castro e recebidos pela Espanha.
"Não
acredito que as autoridades espanholas me negarão essa condição (de refugiado político),
pois sabem que viemos da prisão" – disse à EFE o cubano Antonio Ramón Díaz Sánchez.
Sánchez
é um dos 20 dissidentes que estavam presos em Cuba, e que chegaram à Espanha nas últimas
semanas, depois de terem sido libertados graças aos acordos alcançados entre o Governo
cubano e a Igreja Católica, com a ajuda da diplomacia espanhola; acordo que engloba
a libertação de um total de 52 prisioneiros políticos antes de novembro.
Todos
eles pertencem ao grupo de 75 dissidentes presos em 2003, por subversão e ataques
contra a revolução, na onda de repressão conhecida como "Primavera Negra".
"Se
a Espanha não nos considerasse refugiados políticos – disse Sánchez – estaríamos aqui
como criminosos comuns, pois não dispomos de nenhum documento que credencie a anistia
ou o perdão" – ressaltou o dissidente, membro do Movimento Cristão de Libertação e
condenado a 20 anos de prisão.
Sánchez rejeitou a chamada "proteção
internacional assistida" oferecida a eles pelo Ministério do Interior espanhol, para
regularizar sua situação na Espanha. O ex-preso cubano referiu-se também, ao possível
efeito destas libertações na política comum da União Europeia (UE) em relação a Cuba.
"Nós
não vamos dizer à UE o que ela tem que fazer. O bloco europeu assumiu essa posição
para defender as liberdades fundamentais em Cuba. A pergunta é: existem liberdades
fundamentais em Cuba? A resposta evidentemente é não" – sublinhou Sánchez.
Segundo
o dissidente, o bloco europeu deveria lembrar a mensagem lançada por Raúl Castro há
poucos dias, "quando ameaçou a oposição política e disse que, a qualquer momento,
a Primavera Negra de 2003 poderia se repetir".
Os ex-detentos temem
que o governo de Havana esteja manipulando a situação de libertação dos dissidentes,
apenas para que a União Européia suspenda sua posição contra o país. Segundo eles,
"ainda há muito a ser mudado em Cuba, em termos de respeito aos direitos humanos,
para que a UE dê tal passo". (AF)