RÚSSIA: CÉUS PERMANECEM INDIFERENTES AOS PEDIDOS DE CHUVA
Moscou, 03 ago (RV) - Pelo menos 21 pessoas morreram e mais de 1.100 casas
ficaram destruídas nos incêndios florestais registrados em Nijni-Novgorod, Voronej
e Moscou, no mais quente verão russo de que se tem notícia.
O patriarca ortodoxo
de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, dedicou mais uma oração, nesta segunda-feira,
desta vez a Santo Elías, para que chova sobre o território russo e possa ter fim um
dos piores períodos de seca e de calor na história da nação.
Todavia, os céus
parecem surdos aos apelos do patriarca e dos fiéis, enquanto os meteorologistas continuam
a fazer previsões de uma onda de calor ainda mais intensa.
Segundo o Serviço
de Meteorologia da Rússia, o mercúrio dos termômetros poderá subir até 43º centígrados
em algumas das regiões centrais do país, ou seja, as mais atingidas pelos incêndios
florestais.
Em Moscou e arredores, a situação é agravada pela cortina de fumo
emitido pela combustão das turfeiras. A visibilidade nas estradas não ultrapassa os
500 metros. Os aviões de passageiros continuam a aterrissar e a decolar dos aeroportos
da capital russa, mas as autoridades proibiram voos de aviões leves e de helicópteros.
"Os
serviços de emergência médica estão trabalhando em ritmo integral e não dão mais conta
dos chamados de pessoas que sofrem de doenças respiratórias e cardíacas" – disse à
agência portuguesa de notícias – LUSA – um médico de Moscou. "O calor e a poluição
fazem aumentar o número de mortos, principalmente entre pacientes com doenças oncológicas"
– disse o médico.
Os moscovitas tentam resistir à onda de calor, recorrendo
a todos os meios, desde a aquisição de aparelhos de ar condicionado até ventiladores
e leques, mas os preços subiram bruscamente e nem sempre os artigos disponíveis conseguem
suprir a demanda.
Para as autoridades russas, já se queimaram 500 mil hectares
de floresta, mas os ecologistas da organização Greenpeace, da Rússia, afirmam que
o número alcança os três milhões de hectares, sublinhando que a situação se aproxima
da "catástrofe".
Desta vez, nem os especialistas em provocar chuvas artificiais
– especialidade na qual a Rússia tem grande experiência – podem ajudar no combate
às chamas. "Para provocar precipitações artificiais é necessário que a umidade do
ar seja superior a 95%, ou seja, a chuva está quase para começar a cair, e nós apenas
apressamos esse processo" - disse o diretor do Serviço de Meteorologia de Moscou,
Alexei Liakhov.
"Atualmente, todavia, a umidade do ar é muito baixa – apenas
30% – e praticamente não há nuvens. Por isso, a operação é inviável" – concluiu ele.
(AF)