IGREJA NO MÉXICO CONDENA LEI ANTI-IMIGRANTES DO ARIZONA
Cidade do México, 02 ago (RV) - A Igreja Católica no México criticou, neste
domingo, a lei que criminaliza imigrantes clandestinos no estado norte-americano do
Arizona e denunciou que o narcotráfico se converteu no "grande empregador dos jovens"
nesse país latino.
"É preciso fazer frente ao racismo e à discriminação
gerados contra nossos conterrâneos com leis como a do Arizona" – disse o primaz do
México, Cardeal Norberto Rivera Carrera, arcebispo da capital, num editorial publicado
na revista Desde la fe.
A lei entrou em vigor na última quinta-feira,
embora alguns de seus artigos mais polêmicos tenham sido bloqueados no dia anterior,
pela juíza Susan Bolton. Entre os itens suspensos estão a permissão a oliciais para
que inspecionem pessoas "suspeitas" de serem imigrantes clandestinos, e a determinação
de que todos devem andar com seus documentos para evitar detenções.
Segundo
a instituição religiosa, "não basta a decisão de uma juíza que questiona a aplicação
da nova lei anti-imigrante, deixando de lado algumas medidas drásticas, pois na realidade
a lei, em seu conjunto, não foi vetada e pode ressurgir por todos os lados".
De
acordo com os católicos mexicanos, a norma do Arizona representa "uma situação grave
na qual a sociedade norte-americana se mostra cada vez mais intolerante e racista,
começando por suas autoridades, inclusive no mais alto nível, como demonstraram os
governantes".
No editorial, o Cardeal Rivera Carrera assinala que
"faltou audácia" ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, "para colocar um
fim a novas expressões de racismo" da população norte-americana.
"Suas
iniciativas foram muito amenas e demasiado cuidadosas nas implicações eleitorais,
sem um compromisso de fundo com a Justiça e os direitos humanos" – acrescenta o purpurado.
Segundo
a Igreja Católica, o governo de Felipe Calderón precisa "melhorar as condições trabalhistas
e de educação em nosso país, para enfrentar os elevados índices de emigração mexicanos"
à nação vizinha. A propósito da economia local, a Igreja afirma que a maior parte
das oportunidades de trabalho para os jovens está ligada ao narcotráfico: no mercado
informal, na pirataria e no cultivo e tráfico de drogas.
"O poderio
destes grupos de delinquentes começou a controlar os lucros das empresas, exigindo
extorsões descomunais para garantir a segurança dos empresários" – acusa a Igreja,
questionando o papel das autoridades para solucionar a questão, um dos "problemas
reais da nossa sociedade".
O México tem uma População Economicamente
Ativa (PEA) de 47 milhões de pessoas em idade de trabalhar, num total de quase 110
milhões de habitantes. De acordo com dados oficiais, no entanto, só 30% têm emprego
formal e permanente; o restante é afetado pelo subemprego e pelo desemprego. (AF)