2010-08-02 16:52:38

IGREJA NO MÉXICO CONDENA LEI ANTI-IMIGRANTES DO ARIZONA


Cidade do México, 02 ago (RV) - A Igreja Católica no México criticou, neste domingo, a lei que criminaliza imigrantes clandestinos no estado norte-americano do Arizona e denunciou que o narcotráfico se converteu no "grande empregador dos jovens" nesse país latino.



"É preciso fazer frente ao racismo e à discriminação gerados contra nossos conterrâneos com leis como a do Arizona" – disse o primaz do México, Cardeal Norberto Rivera Carrera, arcebispo da capital, num editorial publicado na revista Desde la fe.



A lei entrou em vigor na última quinta-feira, embora alguns de seus artigos mais polêmicos tenham sido bloqueados no dia anterior, pela juíza Susan Bolton. Entre os itens suspensos estão a permissão a oliciais para que inspecionem pessoas "suspeitas" de serem imigrantes clandestinos, e a determinação de que todos devem andar com seus documentos para evitar detenções.



Segundo a instituição religiosa, "não basta a decisão de uma juíza que questiona a aplicação da nova lei anti-imigrante, deixando de lado algumas medidas drásticas, pois na realidade a lei, em seu conjunto, não foi vetada e pode ressurgir por todos os lados".



De acordo com os católicos mexicanos, a norma do Arizona representa "uma situação grave na qual a sociedade norte-americana se mostra cada vez mais intolerante e racista, começando por suas autoridades, inclusive no mais alto nível, como demonstraram os governantes".



No editorial, o Cardeal Rivera Carrera assinala que "faltou audácia" ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, "para colocar um fim a novas expressões de racismo" da população norte-americana.



"Suas iniciativas foram muito amenas e demasiado cuidadosas nas implicações eleitorais, sem um compromisso de fundo com a Justiça e os direitos humanos" – acrescenta o purpurado.



Segundo a Igreja Católica, o governo de Felipe Calderón precisa "melhorar as condições trabalhistas e de educação em nosso país, para enfrentar os elevados índices de emigração mexicanos" à nação vizinha. A propósito da economia local, a Igreja afirma que a maior parte das oportunidades de trabalho para os jovens está ligada ao narcotráfico: no mercado informal, na pirataria e no cultivo e tráfico de drogas.



"O poderio destes grupos de delinquentes começou a controlar os lucros das empresas, exigindo extorsões descomunais para garantir a segurança dos empresários" – acusa a Igreja, questionando o papel das autoridades para solucionar a questão, um dos "problemas reais da nossa sociedade".



O México tem uma População Economicamente Ativa (PEA) de 47 milhões de pessoas em idade de trabalhar, num total de quase 110 milhões de habitantes. De acordo com dados oficiais, no entanto, só 30% têm emprego formal e permanente; o restante é afetado pelo subemprego e pelo desemprego. (AF)








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