PRESO CUBANO QUE FAZIA GREVE DE FOME DEIXA O HOSPITAL
Havana, 30 jul (RV) - O dissidente cubano Guillermo Fariñas, que fez uma longa
greve de fome e ajudou a pressionar o governo de Havana a libertar presos políticos,
deixou o hospital nesta quinta-feira, não completamente recuperado, mas pronto para
retomar sua vida na oposição.
Três semanas após encerrar seus 135 dias de
jejum, Fariñas disse por telefone que se sente "diminuído" e ainda não pode andar
direito. Ele parou de comer e ingerir líquidos em 24 de fevereiro e encerrou a greve
de fome no dia 8 de julho, um dia após o governo ter prometido libertar 52 dissidentes
presos, no âmbito de um acordo negociado com a Igreja Católica.
Sua greve de
fome ajudou a atrair críticas internacionais ao governo cubano, que se seguiu à morte
do dissidente preso Orlando Zapata Tamayo, em 23 de fevereiro, e à perseguição do
grupo opositor Damas de Branco, durante protestos.
Fariñas – psicólogo e escritor
de 48 anos – entrou em colapso no dia 11 de março, quando passou a receber nutrientes
e líquidos por meio intravenoso, num hospital em sua cidade natal, Santa Clara, 270
km a leste de Havana.
Ele disse que deve passar sua primeira semana fora do
hospital dando entrevistas à imprensa internacional. Em seguida, retomará seu trabalho
de editar e escrever para um blog dissidente.
Até agora, 20 dos 52 presos políticos
foram soltos, num processo que – segundo a Igreja – pode levar quatro meses. No entanto,
Fariñas disse estar pronto para retomar a greve de fome se os presos não forem todos
soltos até 7 de novembro.
As autoridades cubanas consideram os dissidentes
como mercenários apoiados pelos EUA, trabalhando para subverter o governo comunista
do país. (AF)