Cidade do Cabo, 22 jul (RV) – O arcebispo anglicano emérito de Cidade do Cabo,
Dr. Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz-1984, anunciou, nesta quinta-feira, que deixará
a vida pública no dia 7 de outubro, quando completará 79 anos.
"Chegou
o momento de ir mais devagar e de tomar chá de rooibos (bebida típica da África do
Sul) com minha mulher" – disse o Dr. Tutu, numa entrevista coletiva, com seu habitual
sorriso e sem deixar de fazer brincadeiras com os jornalistas.
A partir
da próxima primavera na África do Sul, o arcebispo anglicano, que dedicou sua vida
à defesa dos direitos humanos e, durante muitos anos, foi um dos ícones da luta contra
o regime segregacionista do apartheid, afirmou que poderá "assistir a partidas de
críquete, rugby, futebol e tênis" com maior tranquilidade.
"Viajarei
para ver meus filhos e meus netos, ao invés de participar de conferências e visitar
centros universitários" – disse o Dr. Tutu, que interrompeu a entrevista diversas
vezes, para rir de suas próprias palavras e das perguntas dos jornalistas.
A
partir de agora, o Dr. Desmond Tutu não atenderá mais a pedidos de entrevistas. "Como
disse Madiba (nome pelo qual é conhecido Nelson Mandela, na África do Sul) quando
se retirou da vida pública, em 2001: "Não me chamem; eu os chamarei!" – explicou.
O
arcebispo anglicano emérito de Cidade do Cabo foi agraciado com o Nobel da Paz em
1984, antes de ser designado para o esse cargo, que ocupou de 1986 a 1996. Nesse período,
a África do Sul saiu do apartheid, para se transformar num Estado democrático. O processo
culminou com a eleição de Mandela como primeiro presidente negro do país, em 1994.
No
novo regime, o Dr. Desmond Tutu liderou a Comissão da Verdade e Reconciliação sul-africana.
(AF)