PAQUISTÃO: DOM COUTTS PEDE AB-ROGAÇÃO DA LEI ANTIBLASFÊMIA
Cidade do Vaticano, 21 jul (RV) – Pertenciam a uma família católica os dois
imputados justiçados ontem, no Paquistão, diante da sede do tribunal onde deveriam
ter sido processados por blasfêmia, com base numa lei que a Igreja Católica local
busca ab-rogar.
A afirmação é do bispo de Faisalabad, Dom Joseph Coutts,
que esta manhã celebrou as exéquias dos dois. "Recentemente – esclarece o prelado
– um dos dois, Rashid, por meio de um breve curso feito na Internet, recebera o mandato
de um grupo protestante, para pregar a Bíblia."
"O duplo homicídio
de ontem e as violências sucessivas a ele – sublinha o bispo em entrevista à agência
missionária de notícias FIDES – representam um drama não apenas para a Igreja em Faisalabad,
mas para todos os cristãos do Paquistão, porque isso significa que não houve nenhum
progresso após o episódio do ataque maciço contra a comunidade cristã de Gojra, no
ano passado, o que faz com que os cristãos fiquem turbados e sem esperanças."
"Nas
semanas passadas – relembra o bispo – vinha circulando um folheto escrito à mão, no
qual estavam escritas acusações muito fortes contra o Islã e ofensas graves ao profeta
Maomé. Os dois irmãos eram acusados de serem os autores do folheto, mas o tribunal
apurou que não era verdade."
Segundo Dom Coutts, "há forças obscuras
que buscam criar e alimentar o ódio e o conflito entre as duas comunidades" como testemunham
os recentes ataques contra o templo dos Ahmadi, em Lahore, e à mesquita xiita em Sargodha...
e agora a violência em Faisalabad".
"Creio – explica o prelado – que
haja uma estratégia precisa para provocar o aumento da tensão e o ódio inter-religioso
no Paquistão. E a lei antiblasfêmia está na origem dessa trágica situação."
"A
Igreja no Paquistão – recorda Dom Joseph Coutts – atua na linha de frente, por meio
da Comissão "Justiça e Paz", da Conferência Episcopal, solicitando a ab-rogação dessa
lei. Continuaremos com essa campanha em prol da justiça, da liberdade e do direito"
– promete o bispo.
"Essa lei, todavia – conclui – é fruto de uma mentalidade,
de uma atitude cultural. É preciso trabalhar muito no diálogo inter-religioso, para
mudar essa mentalidade. Entre os líderes muçulmanos há um sentimento de raiva em relação
à situação internacional, e circulam ideias radicais contra o Ocidente e contra o
sionismo. O nosso trabalho de mediação e pacificação não é fácil, mas confiamos na
ajuda de Deus e de todos os cristãos do mundo."
Concluímos esta notícia,
recordando que o tema escolhido por Bento XVI para o 44º Dia Mundial da Paz, a ser
celebrado em 1º de janeiro de 2011 é, justamente, "Liberdade religiosa, caminho para
a paz". (AF)