2010-07-16 18:53:54

CHÁVEZ PÕE IGREJA CATÓLICA NA MIRA APÓS CRÍTICAS A SEU GOVERNO


Caracas, 16 jul (RV) - A Igreja Católica virou alvo de fortes ataques do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que pediu para revisar os privilégios do Vaticano no país, tachando de "retrógrada" uma parte da entidade eclesiástica, depois que um cardeal criticou o rumo de seu Governo.


Na quarta-feira, Chávez instou seu ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, a estudar o acordo entre a Venezuela, país de maioria católica, e a Santa Sé, para assegurar que a Igreja de Roma não tenha "privilégios" com relação a outras Igrejas, o que violaria a Constituição, segundo o presidente.


"Vamos estudar qual é o acordo" assinado há décadas – anunciou Chávez, pedindo para verificar se este acordo "dá à Igreja Católica um privilégio sobre outras Igrejas" porque "a Venezuela é um Estado secular".


A queda-de-braço verbal entre a Igreja e o chefe de Estado intensificou-se em virtude das recentes declarações do cardeal-arcebispo de Caracas, Jorge Liberato Urosa Savino, para quem o presidente "passa por cima da Constituição" e quer levar o país "pelo caminho do socialismo marxista, que é totalitário e conduz a uma ditadura".


Suas afirmações fizeram com que Chávez o qualificasse de "troglodita" e pró-golpista e o desafiasse a demonstrar, perante um tribunal, que seu Governo viola a Carta Magna.


Num comunicado, a Conferência Episcopal venezuelana mostrou interesse em "virar a página" e "deixar de lado a atitude de confronto", ao mesmo tempo em que pediu ao Governo "um entendimento apesar das diferenças de ideias".


Chávez, que se diz católico convicto e considera Jesus Cristo o "primeiro socialista" da história, defende uma Igreja encarnada no povo.


As declarações do presidente contra a Igreja Católica na Venezuela provocaram uma reação em cadeia e muitos ministros, deputados e representantes de outras instituições públicas saíram em defesa do chefe de Estado.


Para o arcebispo de Mérida, Dom Baltazar Porras Cardoso, a Igreja Católica na Venezuela sofre uma campanha de "descrédito". "Não se pode aceitar uma política de extermínio, de levar todo mundo para frente numa espécie de enxurrada, da qual não restarão senão ruínas, para, a partir daí, edificar o projeto político que se quer, com base na miséria e na incapacidade dos que restarem vivos" – lamentou o arcebispo. (AF)








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