Porto Príncipe, 14 jul (RV) - O Serviço Jesuíta para Refugiados (JRS) denunciou
a situação dramática vivida pelos haitianos, seis meses após o terremoto que abalou
a ilha, em 12 de janeiro passado, deixando um saldo de 230 mil mortos, 300 mil feridos
e mais de um milhão de sem-teto.
"Chegou o momento de o Governo haitiano,
a comunidade internacional e as agências da Onu enfrentarem concretamente as questões
relativas à proteção, segurança alimentar, educação, saúde e outras necessidades urgentes
dos grupos mais vulneráveis, incluindo os campos não oficiais" – disse o diretor do
JRS, no Haiti, Pe. Wismith Lazard.
O jesuíta ressaltou que os doadores
internacionais devem entregar os fundos prometidos em favor do Haiti e facilitar a
participação da sociedade civil e política na reconstrução do país.
"Mais
de um milhão de sobreviventes do terremoto – recordou Pe. Lazard - vive em condições
higiênicas inadequadas, sem acesso aos serviços de saúde, alimentação e energia elétrica."
O campo "Automeca" que hospeda 11 mil pessoas, construído na capital, Porto Príncipe,
é um exemplo disso.
O sacerdote ressaltou que a situação no "Automeca"
é uma vergonha nacional e internacional. "A distribuição de alimentos foi interrompida
muito cedo sem avaliar o impacto negativo sobre os grupos mais vulneráveis" – afirma
Pe. Lazard – ressaltando que o Programa Mundial de Alimentos (PAM) da Onu, de março
a junho, não efetuou nenhuma distribuição de comida no "Automeca".
Outro
grande problema sublinhando pelo sacerdote jesuíta é a insegurança vivida por mulheres
e crianças, vítimas da exploração sexual em troca de alimentos.
"O Governo
deve usar de sua autoridade para proteger desses abusos as pessoas que moram nos campos,
e trabalhar em favor de soluções adequadas para o povo. (MJ)