Havana, 14 jul (RV) - O dissidente cubano Guillermo Fariñas, que se recupera
de uma greve de fome de 135 dias, disse que o aparecimento de Fidel Castro na televisão
representou uma espécie de "aval" à libertação dos 52 presos políticos, que – segundo
ele – foi um "gesto de clemência" do Governo.
O aparecimento de Fidel Castro
"foi um aval indireto ao que está ocorrendo com nossos presos e às negociações mantidas
com a União Europeia e com a Igreja Católica" – disse Fariñas que, depois do anúncio
oficial de libertação dos presos políticos, pôs fim à greve de fome.
"É
importantíssimo e essencial que Fidel tenha reaparecido lúcido e consciente, para
que os mais radicais dentro do regime não possam acusar o Governo de Raúl Castro,
nem tampouco chamar de "traidores do líder" aqueles que querem mudanças" – argumentou
Fariñas.
Também foi "maneira de desviar a atenção da opinião pública nacional
e internacional" e de mostrar a seus seguidores que "o Comandante ainda está aqui"
– avaliou.
"Indiscutivelmente, o Governo fez um gesto de clemência para
com seus opositores e, acredito, deverá continuar fazendo" – disse Fariñas à AFP,
por telefone, do hospital da cidade de Santa Clara, referindo-se aos 115 presos políticos
que ainda estão nos cárceres cubanos.
Em relação à própria saúde, Fariñas
explicou que já começou a ingerir líquidos, embora seu estado ainda seja "muito grave"
devido a um coágulo alojado na jugular.
"Estou bebendo água, sucos naturais,
gelatina e caldos de frango quente" – comentou com voz clara e animada. (AF)