BISPOS LUSÓFONOS: A UTOPIA DE HOMENS NOVOS PARA UM MUNDO NOVO
São Tomé, 08 jul (RV) - Os representantes das Conferências Episcopais das Igrejas
Lusófonas, reunidos em S. Tomé e Príncipe de 2 a 8 de julho, divulgaram ontem seu
comunicado final.
Ao debaterem o tema da pobreza e exclusão social, os bispos
destacaram os elementos que promovem e mantêm essa situação, como a apropriação indevida
dos bens. "Esta realidade verifica-se, por exemplo, na gestão das terras, da água,
das madeiras e de outros bens essenciais" – denunciam. Apropriação que favorece a
oligarquia no poder, em detrimento dos mais pobres.
Também a corrupção mereceu
uma reflexão social e ética por parte dos bispos, sobretudo pelas graves consequências
que esta prática acarreta nas administrações públicas. Geradoras de pobreza e exclusão
social foram também apontadas as debilidades cada vez maiores das instituições da
sociedade civil, a comercialização da droga, o tráfico de pessoas e o desrespeito
pela vida.
Diante deste cenário, os prelados formularam propostas concretas
de atuação, como reforçar a adoção de iniciativas próprias das Igrejas e/ou aderir
a iniciativas já tomadas por outros. A finalidade é investir num ensino que ajude
a transformar mentalidades e capacitar pessoas e comunidades para que deixem de ser
simples "destinatários" de políticas sociais e sejam "sujeitos" dos seus próprios
destinos.
Tudo isso, sobretudo, através de uma nova geração de políticas sociais
ancoradas na economia solidária e na valorização do cooperativismo como forma de autoemprego.
Os
bispos aconselham ainda que as políticas orçamentárias dos governos lusófonos sejam
monitoradas e que a intervenção social dos cristãos e das comunidades cristãs sejam
cada vez mais alicerçadas na Doutrina Social da Igreja, "certos de que esta proposta
cristã de intervenção social acabará por fazer acontecer a utopia/profecia de 'homens
novos' construtores de um MUNDO NOVO". (BF)