PAPA REZA POR DESEMPREGADOS E ENCORAJA TUTELA DA CRIAÇÃO
Sulmona, 04 jul (RV) - Na região de Abruzos, onde Bento XVI retornou hoje pela
terceira vez após a visita a Maloppello em 2006, e a Acquila e Onna no ano passado,
dificuldades, problemas e preocupações não faltam. O Papa sabe disso e o reafirmou
na missa presidida esta manhã na praça central de Sulmona, cidade onde nasceu o Papa
Celestino V, 800 anos atrás.
Bento XVI se referiu às pessoas que vivem concretamente
em condição de precariedade devido ao desemprego, à incerteza do futuro ou sofrimentos
físicos e morais, em meio ao desalento causado pelo terremoto de 6 de abril de 2009.
Na homilia, o papa exaltou o exemplo de vida de São Pedro Celestino V, que
oito séculos depois, permanece na história pelas vicissitudes do seu tempo e pontificado,
mas, sobretudo por sua santidade:
“A santidade não perde nunca a sua força
atrativa, não cai no esquecimento, não sai da moda; ao contrário, com o passar do
tempo, resplandece com cada vez mais luminosidade, expressando a perene busca do homem
a Deus”. Da vida de São Pedro Celestino, Bento XVI citou basicamente três
ensinamentos válidos ainda em nossos tempos: antes de tudo, o silêncio deste eremita
que desde a sua juventude se transformou em alguém que procurava Deus, um homem desejoso
de encontrar resposta para as grandes interrogações da existência. O silêncio tornou-se
para ele o elemento que caracterizava o seu viver quotidiano – sublinhou o Papa. E
era precisamente no silêncio exterior, mas sobretudo no silêncio interior, que ele
conseguia advertir a voz de Deus, capaz de orientar a sua vida.
“Vivemos
numa sociedade em que cada espaço, cada momento parece ter que ser preenchido com
iniciativas, atividades, sons; muitas vezes não há tempo nem sequer para escutar e
para dialogar. Consequentemente, se quisermos ouvir a voz de Deus e a das pessoas
que estão ao nosso redor, não devemos ter medo de fazer silêncio fora e dentro de
nós”. O segundo elemento exemplar da vida do Papa São Celestino destacado
por Bento XVI é que “a descoberta do Senhor não é o resultado de um esforço pessoal,
mas sim da própria graça de Deus, que o antecipa.
“Mesmo que a nossa vida
seja muito diferente, para nós também vale a mesma coisa: o essencial de nossa existência
nos foi dado sem que pedíssemos. O fato de eu viver não depende de mim; o fato de
haver pessoas que me tenham introduzido na vida, me tenham ensinado o que é amar e
ser amado, que me transmitiram a fé e me abriram os olhos para Deus; tudo isso é graça”.
Bento
XVI lembrou que no silêncio interior, Pedro del Morrone amadureceu uma experiência
viva da beleza da criação, obra das mãos de Deus: sabia acolher o sentido profundo,
respeitava os sinais e ritmos, usava aquilo que era essencial para a vida. O Pontífice
disse estar ciente de que a Igreja na região dos Abruzos está ativamente engajada
numa campanha de sensibilização para a promoção do bem comum e da salvaguarda da criação.
Enfim, o último elemento: mesmo conduzindo uma vida eremita, São Pedro Celestino
não “se fechou em si mesmo”, mas foi tomado pela paixão de levar a boa nova do Evangelho
aos irmãos, compromisso essencial do discípulo, assim como descrito pelo Papa:
“O anúncio sereno, claro e corajoso da mensagem do Evangelho – inclusive nos momentos
de perseguição – sem ceder ao fascínio da moda, da violência ou da imposição; o despojamento
de coisas materiais, como o dinheiro e roupas; a atenção e o cuidado particular pelos
doentes no corpo e no espírito”. Estas foram algumas características do breve
e sofrido pontificado (de 6 meses) de Celestino V, e “devem ser as características
da atividade missionária da Igreja em todas as épocas”.
Terminando sua homilia,
Bento XVI assegurou aos fiéis que foi até lá para confirmá-los na fé e exortá-los,
carinhosamente, a permanecer firme fé que receberam, fé que dá sentido à vida e que
doa a força de amar.
Após a missa, o Papa rezou com todos os fiéis a oração
do Angelus, antes da qual, os convidou a conduzirem um estilo vida sóbrio e a manter
livres suas mentes e corações para compartilhar seus bens com os irmãos.
Evocando
mais uma vez Celestino V, Bento XVI destacou que “ele encontrou o modelo perfeito
de obediência à vontade divina numa vida simples e humilde, dedicada à busca daquilo
que é realmente essencial, sabendo agradecer sempre ao Senhor e reconhecer em todas
as coisas um dom de sua bondade". (CM)