Jales, 03 jul (RV) - A proposta de retornar à realidade é sempre indispensável,
quando nos envolvemos com o esporte. Por mais que nos identifiquemos com o objetivo
de vencer, chega a hora de constatar que o esporte nos coloca no mundo da ficção,
e que a verdadeira batalha é aquela que travamos no dia a dia de nossos compromissos,
onde os escalados para atuar somos nós.
Por mais que a copa do mundo tenha
concentrado nossas atenções, é salutar constatar que a vida continua, e que precisamos
enfrentar de novo a realidade.
Neste final de semana a Diocese de Jales também
se propõe olhar de frente a realidade da região com a qual se identifica territorialmente.
Motivos para isto não faltam. O bom pretexto para olhar com atenção os 46 municípios
que compõem o seu território, é o jubileu de 50 anos, que vai se completar no próximo
mês de agosto.
Cruzar geografia com história é sempre um bom caminho para
compreender a realidade onde vivemos. E´ o que vão fazer os representantes das comunidades,
reunidos para o “Curso diocesano” que todos os anos a diocese promove. Em vista do
jubileu, desta vez o tema do curso é a história de nossa região.
Estará presente
o Professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Sedeval Nardoque, nascido
em nosso região, mas agora radicado em Dourados. Ele fez sua tese de doutorado em
história exatamente sobre o tema que interessa agora a Diocese de maneira muito especial:
a configuração histórica do noroeste paulista, onde a Diocese de Jales está situada.
O próprio Professor Sedeval carrega um traço característico da região, como tantos,
nascidos aqui mas radicados em outras regiões de S. Paulo ou do país. Se fosse “repatriar”
todos os que nasceram nesta região e agora se encontram fora, com certeza duplicaria
o número de habitantes da Diocese.
O mapa da Diocese de Jales evidencia de
imediato a abundância de águas. Ela está circundada de rios. Ao norte o Rio Grande
serve de divisa com o Triângulo Mineiro. Ao Sul o Tietê acompanha a fronteira com
a diocese de Araçatuba, até desembocar no Rio Paraná, situado no oeste e fazendo fronteira
com o Mato Grosso do Sul. E rio São José dos Dourados atravessa todo o seu território,
até se juntar também ele ao Paraná.
Esta presença generosa de água ficou ressaltada
com a construção das quatro barragens existentes na região: Jupiá e Ilha Solteira
no Rio Paraná, Água Vermelha no Rio Grande e Três Irmãos no Rio Tietê.
O
acidente geográfico que mais caracteriza a região é, sem dúvida nenhuma, a bacia do
Paraná, que toma forma nesta região. Não é por acaso que a cidade mais antiga da região,
situada no outro lado do Rio Paraná, se chama “Paranaíba”. E no lado de cá, a cidade
que tem o nome mais de acordo com nossa vocação geográfica é “Paranapuã”. O marco
zero do Rio Paraná se encontra na confluência do Rio Grande com o Rio Paranaíba, bem
no bico do Triângulo Mineiro, e de fronte ao território da Diocese.
Os contornos
geográficos são mais fáceis de identificar. O desafio maior é compreender a história
da região, uma das últimas do Estado de S. Paulo a definir sua fisionomia. Pois outra
característica da região é sua recente implantação, tendo ficado até pelos idos de
1940 como um dos últimos redutos do território paulista a ser habitado.
E´
interessante observar que o outro lado, do Mato Grosso, foi habitado bem antes do
que o lado de cá. Tanto que, por exemplo, a cidade de Paranaíba está próxima a celebrar
os 200 anos de sua paróquia, enquanto nós estamos apensas chegando a 50 anos de Diocese.
Este tabuleiro de geografia misturado com história será abordado no curso
promovido pela Diocese neste final de semana. Enquanto aos poucos vamos retornando
da África para o dia a dia dos nossos compromissos, a Diocese quer compreender mais
sua realidade, para celebrá-la melhor no seu jubileu de ouro, que vem se aproximando.