PAÍSES EUROPEUS APOIAM ITÁLIA: CRUCIFIXOS NAS SALAS DE AULA
Roma, 02 jul (RV) - Dez países europeus se aliaram à Itália e participam como
signatários do recurso impetrado pelo país perante o Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos, reivindicando o cancelamento da determinação que proíbe a presença de crucifixos
nas salas de aula. A primeira audiência sobre a questão realizou-se nesta quarta-feira,
na sede do tribunal, em Estrasburgo, França. Depois de três horas ouvindo as partes,
os juízes comunicaram que a decisão deverá ser tomada dentro de seis meses.
Rússia,
Grécia, Principado de Mônaco, San Marino, Armênia, Romênia, Bulgária, Lituânia, Malta
e Chipre se associaram à Itália, na tentativa de reverter a posição adotada pelo tribunal
no ano passado, a partir de uma ação impetrada por uma cidadã ítalo-filandesa, Soile
Lautsi Albertin. Ela pediu à direção da escola pública de Abano Terme, em Pádua, onde
estudavam seus dois filhos, que retirasse o crucifixo das salas de aula, invocando
os princípios da laicidade do Estado. Depois de ver sua solicitação negada, a cidadã
recorreu às instâncias judiciais italianas, onde também não obteve sucesso.
Como
derradeiro recurso, Soile apelou ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que proibiu
os crucifixos em sala de aula e condenou o Estado italiano a pagar uma multa no valor
de 5 mil euros.
A decisão da corte europeia foi considerada "ideológica"
pela Conferência Episcopal Italiana, pois foi a primeira sentença relacionada a símbolos
religiosos.
Uma pesquisa divulgada pelo jornal italiano "Corriere della
Sera" demonstrou que 84% dos italianos eram contra a retirada dos crucifixos das salas
de aula. O resultado da pesquisa, segundo a opinião de analistas, indica que a maioria
da população italiana quer a presença do crucifixo, vendo-o não apenas como símbolo
religioso, mas também como algo que remete às tradições culturais e sociais da Itália.
A
Itália defende a manutenção dos crucifixos, assinalando que o Cristianismo é um pilar
da identidade italiana e europeia, argumento encampado por outros países.
As
autoridades italianas estão confiantes num resultado favorável. O ministro do Exterior,
Franco Frattini, ressalta que se trata de uma grande batalha pela liberdade e identidade
dos valores cristãos italianos. (AF)