Santa Sé elogia acção do ACNUR e pede condições de segurança e respeito pela dignidade
humana
(23/6/2010) A Santa Sé, na voz do Arcebispo Silvano Tomasi, manifestou o seu apoio
“ao esforço intenso realizado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR) para chamar a atenção, melhorar e avançar na questão da necessidade de uma
protecção alargada ao refugiados e às populações de risco”. O representante permanente
da Santa Sé nas Nações Unidas elogiou desta forma a acção de António Guterres ao longo
de cinco anos de mandato, ao dirigir-se ao Comité Executivo do ACNUR, por ocasião
do seu 48.º encontro, hoje, em Genebra (Suíça). D. Silvano Tomasi referiu também
que esta acção é mais oportuna ainda, “numa altura em que os conflitos têm vindo a
deslocar cada vez mais pessoas, numa conjuntura em que os requerentes de asilo têm
sido obrigados a retornar, devido à grave crise económica que afecta os países”. O
problema, destaca o Arcebispo italiano, tem vindo a agravar-se ao ponto de “os últimos
números das Nações Unidas apontam para 43,3 milhões de pessoas em risco, o número
mais alto desde 1990”. O representante da Santa Sé realçou ainda a situação da
Colômbia, com 4,9 milhões de refugiados internos, e a nova onda de deslocados no Quirguistão. Este
responsável reforçou a mensagem global do ACNUR, apontando questões que deverão merecer
maior atenção por parte dos governos mundiais. Nesse sentido, defendeu alternativas
à detenção de refugiados e requerentes de asilo, considerando-a inapropriada; apelou
à criação de condições de segurança e ao respeito pela dignidade humana; apontou à
necessidade de criar mecanismos de protecção para os refugiados; destacou o papel
que os órgãos de comunicação poderão ter, passando para o público a dimensão real
do problema. D. Silvano Tommasi não deixou de criticar “a desinformação e a manipulação
política dos medos de culturas e pessoas desconhecidas”, algo que muitas vezes faz
parte da acção dos governos. “Não podemos dizer que um estado cumpre o seu papel,
quando pessoas em risco são deixadas ao abandono”, disse ainda, no decurso da sua
intervenção. Fundado em 1951, o ACNUR protege e apoia 31 milhões de refugiados
em mais de 110 países, tendo sido agraciado com o Prémio Nobel da Paz em 1954 e em
1981.