REFUGIADOS: SANTA SÉ RECORDA A GOVERNOS QUE SOMOS UMA FAMÍLIA
Genebra, 23 jun (RV) - O Arcebispo Silvano Tomasi, Representante Permanente
da Santa Sé nas Nações Unidas e em outras organizações em Genebra, participou ontem
da 48ª Cúpula do Comitê Executivo do Alto Comissariado para Refugiados nesta cidade
suíça.
A Santa Sé aprecia o intenso esforço realizado pelo ACNUR para chamar
a atenção, melhorar e avançar na proteção alargada aos refugiados e às populações
de risco.
Dom Silvano Tomasi ressaltou que a atuação do Comissariado é ainda
mais oportuna hoje, quando os conflitos causam o deslocamento de cada vez mais pessoas,
numa conjuntura em que os requerentes de asilo têm sido obrigados a retornar, e em
que os números apontam para 43,3 milhões de pessoas em risco, o número mais alto desde
1990.
Ao apontar as questões que mereceriam maior atenção por parte dos governos,
o Observador defendeu alternativas à detenção de refugiados e requerentes de asilo,
considerando-a inapropriada; apelou para a criação de condições de segurança e de
respeito pela dignidade humana; pediu a criação de mecanismos de proteção para os
refugiados; e destacou o papel dos meios de comunicação ao informar sobre a dimensão
real do problema.
Dom Silvano Tommasi criticou ainda “a desinformação e a manipulação
política do medo de culturas e pessoas desconhecidas”, algo que muitas vezes faz parte
da ação dos governos.
“Não podemos dizer que um Estado cumpre o seu papel
se abandona pessoas em risco” - disse ainda, citando as “boat people” da África, Ásia
e outros lugares, que “não podem simplesmente serem rebocadas de volta para seu porto
de origem, como se afastá-las oferecesse uma solução real”.
“A responsabilidade
que temos para com os grupos vulneráveis de nossa família humana pede uma resposta
adequada para reparar a violação de direitos e de assistência às vítimas” – reiterou.
Fundado
em 1951, o ACNUR protege e apóia 31 milhões de refugiados em mais de 110 países, tendo
sido agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1954 e em 1981. (CM)