CUBANOS TÊM ESPERANÇA EM DIÁLOGO ENTRE IGREJA E GOVERNO
Havana, 22 jun (RV) - A oposição cubana espera que o diálogo entre a Igreja
e o Governo de Havana não leve somente à libertação dos presos políticos, mas também
a reformas econômicas e o estabelecimento da democracia, como prometido, há três anos,
pelo Presidente Raúl Castro. Foi o que disse à agência de notícias ANSA, o economista
Oscar Espinosa Chepe, que faz parte do grupo de 75 dissidentes políticos detidos em
2003. Espinosa está em liberdade por motivos de saúde. Os presos políticos, considerados
pelo Governo como criminosos comuns, "são um elemento prioritário, mas a Igreja pode
contribuir para um processo de mudanças estruturais citadas por Raúl Castro há três
anos, e que ainda não foram vistas" – disse Espinosa. Segundo ele, a Igreja pode
cooperar para que "cresça a participação cidadã" e para que os dissidentes não sejam
perseguidos, além de colaborar para o estabelecimento "gradual da democracia". "Se
há um organismo que pode ajudar a realizar tudo isso é a Igreja, que já fez gestões,
no passado, sempre de maneira discreta" – argumentou ele. O secretário do Vaticano
das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti, e o presidente Raúl Castro consolidaram,
com um encontro realizado neste último domingo, o diálogo entre a Igreja e o Governo,
ao término de uma visita de cinco dias, que Dom Mamberti fez à ilha, para celebrar
os 75 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Santa Sé e Cuba, e para
participar da X Semana Social Católica no país. O atual momento de diálogo entre
a Igreja e o Governo de Havana, articulado a partir de maio, quando houve a reunião
entre o cardeal-arcebispo de Havana, Jaime Lucas Ortega y Alamino, e Raúl Castro,
culminou na libertação do opositor Ariel Sigler – por problemas de saúde – e na transferência
de outros doze detentos para cárceres mais próximos de suas cidades de origem. A
restituição da liberdade a prisioneiros pode também levar à reconciliação entre cubanos
"de dentro" e "de fora" do país, como foi manifestado num debate no âmbito da X Semana
Social Católica, celebrada de 16 a 20 de junho. (AF)