Yangun, 19 jun (RV) – Uma cadeira vazia na África do Sul, a realização de "flashmobs"
(manifestações-relâmpago convocadas pela Internet) na Grã-Bretanha, e velas em Bangcoc:
essas foram as maneiras que vários países encontraram, para celebrar os 65 anos da
líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi que, neste sábado, festeja seu aniversário,
mais uma vez em prisão domiciliar. A dissidente mais famosa do Planeta e único
Nobel da Paz privado de liberdade é conhecida em todo o mundo, graças à sua inatacável
imagem internacional, apesar do declínio de seu peso político. Seus partidários
organizam em Yangun, capital de Mianmar (ex-Birmânia) uma pequena festa em homenagem
a ela, neste sábado. Mas a "Dama de Yangun", detida durante mais de 15 dos últimos
21 anos, não poderá abandonar sua casa para comemorar com os amigos. Vinte mil
árvores serão plantadas no país, para honrar o combate dessa mulher de voz doce e
aparência frágil, mas, ao mesmo tempo, adversária ferrenha de um dos regimes militares
mais fechados do mundo. "Enquanto continuar em Mianmar e com vida, Aung San Suu
Kyi continuará sendo uma ameaça para o poder militar" – acredita David Mathieson,
da organização Human Rights Watch. "Aung San Suu Kyi é o símbolo mundial do valor
perante a repressão" – assegurou o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, em
comunicado do grupo "The Elders" fundado pelo sul-africano, Nelson Mandela. Aung
San Suu Kyi foi educada nas melhores escolas de Yangun e depois em Oxford. Em 1972,
casou-se com o cidadão britânico Michael Aris, um universitário especialista em Tibete,
com quem teve dois filhos. Voltando a Birmânia em abril de 1988, quando sua mãe
estava morrendo, Aung San Suu Kyi falou em público pela primeira vez, em agosto desse
ano, e passou a fazer parte do movimento de oposição que abalou o poder militar. Durante
os confrontos de agosto e setembro de 1988, reprimidos de forma sangrenta, fundou
a Liga Nacional pela Democracia (LND), que se transformou no principal partido de
oposição. Em 1989, Aung San Suu Kyi foi presa pela primeira vez. Em 27 de maio
de 1990, seu partido ganhou as eleições pluripartidárias e a junta militar, surpreendida
pelos resultados, negou-se a legitimá-los. Quase 20 anos mais tarde, os resultados
continuam desconhecidos e os generais continuam governando. Mas sua incansável luta
foi recompensada em 1991, com o Prêmio Nobel da Paz. (AF)