2010-06-18 13:47:36

SANTA SÉ: CONSCIENTIZAR SOCIEDADE CONTRA XENOFOBIA


Cidade do Vaticano, 18 jun (RV) - A Santa Sé voltou a pedir políticas de acolhimento e solidariedade para as pessoas obrigadas a deixar suas próprias terras e que se encontram muitas vezes em estado de clandestinidade, “por terem entrado na casa do rico sem serem convidadas”.

O Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Arcebispo Antonio Maria Vegliò, proferiu uma homilia ontem na vigília ecumênica realizada na Basílica de Santa Maria in Trastevere por ocasião do Dia Mundial dos Refugiados, que se celebra em 20 de junho.

Tema unânime deste momento de oração comum, que reuniu pastores de várias confissões cristãs, foi “Morrer de esperança”, e recordou, em orações e reflexões, as centenas de pessoas, muitas das quais anônimas, que ao sonhar uma existência melhor, deixam suas vidas no Mar Mediterrâneo.

Durante a função religiosa, algumas delas foram recordadas com círios, e distribuiu-se a chamada “Carta da Líbia”, escrita por 38 imigrantes eritreus que narram sua aventura ao partir de seu país rumo à costa italiana. Depois de quatro dias sem alimentos no mar, foram abordados pela Marinha Militar Italiana, receberam água e foram enviados à Líbia.

Afirmando que a luta contra a xenofobia exige a conscientização da sociedade, Dom Vegliò defendeu que “não se trata somente de planos normativos, mas é necessária uma paciente e constante obra de formação da mentalidade e da consciência”.

“A educação deve se inspirar na gama de valores, sentimentos e comportamentos que vão do acolhimento, compreensão e solidariedade à convivência e ao convívio” – continuou ele.

Para o Arcebispo italiano, “estes são valores de um diálogo que se fragmenta na vida cotidiana: com uma saudação cordial, atos de solidariedade no ambiente de trabalho, com a participação nos problemas dos outros, com sentimentos de misericórdia e de perdão. Um diálogo que diz, sobretudo, a capacidade de conviver com os outros, de escutar, de entender, de aceitar cada um com sua mentalidade”.

“Seguindo estas sugestões, estou certo que conseguiremos traçar, na sociedade de hoje, um verdadeiro 'itinerário de paz' e derrotaremos a prepotência de quem prefere o uso da força em vez do amor, da compreensão e da solidariedade” – comentou o expoente do Vaticano.

Dom Vegliò definiu o drama da imigração como uma “verdadeira crise humanitária; um êxodo bíblico sempre mais devorado com voracidade sem escrúpulos pela criminalidade organizada”.
Neste sentido, explicou que a Igreja pede a todos que assumam as próprias responsabilidades e encontrem soluções que não sejam somente o reforço das sanções contra os irregulares e o fechamento mais hermético das fronteiras.

Na mesma linha, o Secretário do Pontifício Conselho para os Migrantes e Itinerantes, Dom Agostino Marchetto, em discurso sobre proteção dos direitos humanos para o Conselho Nacional Forense, ressaltou que é preciso “mais diálogo entre as pessoas, a comunidade, as autoridades e organizações civis, povos e religiões, para conter o fechamento e a intolerância que, no fundo, escondem a idolatria de si mesmo, do próprio grupo e das próprias tradições sócio-culturais”.
(CM)







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