2010-06-16 17:13:10

PORTUGAL: PATRIARCA PEDE NOVA ATITUDE DA IGREJA NA SOCIEDADE


Lisboa, 16 jun (RV) – O cardeal-patriarca de Lisboa, José da Cruz Policarpo, falou aos bispos portugueses sobre a necessidade de uma atitude de diálogo e sobre as implicações políticas da fé.
O purpurado insistiu, no pronunciamento feito hoje, no âmbito das Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima, sobre a necessidade de mudar a “atitude” da Igreja perante a sociedade contemporânea, buscando “formas novas de intervenção”.
“A Igreja faz parte integrante da sociedade e dada a qualidade de sua mensagem e o número de seus membros, não pode deixar de buscar formas sempre novas para contribuir para o bem da comunidade humana na qual está integrada” – disse o patriarca.
“O anúncio cristão pode, por vezes, ser uma denúncia, embora deva ser, sobretudo, anúncio. Mas se começa pela denúncia, corre o risco de nunca ser anúncio” – advertiu o cardeal, lamentando que a "situação anacrônica” de se considerar “qualquer intervenção da Igreja” como uma “intervenção na esfera do estritamente político”.
Para o Cardeal Policarpo, “se nos limitarmos à denúncia, nossa voz pode ser facilmente interpretada como mera tomada de posição política e ser vítima de fundamentalismos”.
“É impressionante verificar a pouca importância que a dimensão ética tem nas escolhas políticas” – observou, antes de recordar que “o voto deveria ser sempre a escolha de uma consciência bem formada e esclarecida”.
A hierarquia – disse o presidente do Episcopado português – "abstém-se, habitualmente, de se imiscuir no âmbito do estritamente político, mas os cristãos leigos não são obrigados a isso, e devem ser porta-vozes, no seio da sociedade, dos autênticos valores cristãos".
Citando a Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” (de 1965), do Concílio Vaticano II, o cardeal disse que “só amando o mundo, se podem captar os sinais que a realidade emite, para que a Igreja intua caminhos concretos de missão”.
“Podemos cair, muito facilmente, na atitude de condenação da sociedade atual, mas é possível amar o mundo sem concordar com o mundo” – assinalou, com um apelo em favor de um "olhar construtivo sobre a sociedade, por parte da Igreja”.
Dentre os pontos que valorizou em seu longo pronunciamento, o patriarca de Lisboa destacou a “busca de sentido” na sociedade atual, mas deixou como alerta a constatação de que “muitos já não procuram, espontaneamente, a resposta da Igreja, na sua ação institucional”.
Após recordar os apelos do papa, em sua recente visita a Portugal, para que a ação social da Igreja portuguesa fosse repensada, o Cardeal Policarpo concluiu sua conferência com uma nota crítica: “Trabalhamos mais do que amamos; criamos estruturas, mas quando as pessoas precisam do pastor, nós estamos ocupados” – ressaltou. (AF)







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