Roma, 14 jun (RV) – A Igreja no Paquistão acolheu com grande esperança a Petição
Internacional lançada pelo escritório francês da organização internacional católica
Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) para abolir a lei “antiblasfêmia”. Até o momento já
são mais de 3 mil adesões. A lei antiblasfêmia regula as ofensas contra o Corão ou
Maomé e castiga os que a violam com penas que podem levar até à prisão perpétua ou
até mesmo à morte. Em muitos casos, esta norma foi usada arbitrariamente e utilizada
como desculpa para perseguir inocentes, já que na prática basta invocá-la para que
as autoridades atuem rapidamente contra quem seja acusado.
Conforme informa
a agência vaticana Fides, Peter Jacob, Secretário executivo da Comissão Justiça e
Paz da Conferência Episcopal do Paquistão, disse que este pedido “é uma iniciativa
que é muito bem vinda. Estamos muito contentes, é um sopro de ar fresco para nós.
Há anos lutamos pela abolição total desta lei e promovemos também uma petição popular
no Paquistão”.
“Entre outras coisas – continuou Peter Jacob - estamos preocupados
porque parece que em outros países do mundo, sobre tudo os islâmicos, há um debate
se leis como esta devem ser aprovadas. Temos que criar uma maior consciência na comunidade
internacional. Esperemos que com esta iniciativa a opinião pública européia se mova.
Recentemente, o Parlamento Europeu adotou uma resolução que pede proteção às minorias
e a liberdade religiosa no Paquistão. Esperamos que as pressões da sociedade civil
no Paquistão e no exterior, sirvam para mexer com o governo paquistanês”, explicou.
Atualmente,
o executivo está em absoluta imobilidade: “em princípio, o governo diz que quer defender
os cidadãos inocentes que sofrem os efeitos desta lei; mas na prática, não faz nada,
porque está sob a influência de grupos extremistas islâmicos”, explicou Jacob. “Temos
esperança no êxito internacional desta petição”, concluiu.
Por sua parte Francis
Mehboob Sada, católico e Diretor do Christian Study Center em Rawalpindi, centro ecumênico
de documentação, estudo e reflexão, conhecido por seu trabalho de seguimento e informação
das condições dos cristãos no Paquistão, assim como por seu compromisso no diálogo
inter-religioso, também expressa seu apoio à medida.
Mehboob Sada destaca que
assina a petição com muito prazer e que admira a iniciativa. “Há uma grande necessidade
de derrogar esta lei que, desde 1986 até hoje, afetou mais de 50 mil pessoas e registrou
mais de 1.000 condenações. As vítimas são de todas as religiões: muçulmanos, cristãos,
ahmadis e de outras minorias”, destacou. (SP)