Rio de Janeiro, 13 jun (RV) - Na maior concelebração da história de Roma, na
sexta-feira, dia 11 de junho, na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Bento
XVI presidiu o encerramento do Ano Sacerdotal que foi proposto por ocasião da celebração
dos 150 anos da morte de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars A abertura foi na solenidade
do Sagrado Coração de Jesus no ano passado e encerramos neste ano na mesma ocasião.
Para esta ocasião, tanto as Paróquias como as Dioceses prepararam celebrações
especiais – aqui no Rio de Janeiro celebramos unidos na Igreja de São Pedro no sábado,
dia 5 de junho, e nestes dias cada paróquia, forania ou vicariato preparou a sua solenidade.
Em Roma, aconteceu a semana de encontros, retiros, conferências, seminários, muitos
com transmissão direta também para o nosso país: retiro sobre o dom do sacerdócio
(Basílica de São João de Latrão), Meditação/Adoração Eucarística/Confissões e Santa
Missa (Presidida pelo Senhor Cardeal Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para
o Clero); Meditação/Adoração Eucarística/Confissões, Santa Missa e Vigília na Praça
de São Pedro, e a Santa Missa na “Solenidade do Sagrado Coração de Jesus”, presidida
pelo Papa Bento XVI que em sua homilia iluminou o nosso tempo com suas palavras animadoras
e consoladoras.
Ele recordou inclusive que esta ocasião de orações e de recolocar
os grandes ideais da vida sacerdotal não agradaria ao maligno, que, ao contrário,
gostaria que “Deus fosse colocado fora do mundo”. No entanto, ao comentar sobre a
figura do pastor que apareceu na liturgia do Sagrado Coração de Jesus recorda que
“Deus pessoalmente cuida de mim, de nós, da humanidade” e que não somos “largados
sozinhos, perdidos no universo”, porque ele “conhece as suas ovelhas e elas o conhecem”
e que não é um conhecimento intelectual, mas sim “interiormente”.
O Ano Sacerdotal
teve como tema “Fidelidade de Cristo, Fidelidade do Sacerdote”. Dentro desta temática,
o Papa Bento XVI pediu que todo o “orbe católico” rezasse pelos sacerdotes e que todos
os padres meditassem mais sobre a beleza de sua vocação e do seu ministério. Assim,
o modelo proposto foi o Cura d’Ars: um grande padre que teve a capacidade e a coragem
de chegar a uma cidade onde a maioria das pessoas não queria compromisso com Deus
e nem com a Igreja. Porém, ao longo do tempo conseguiu chamar a cidade à conversão
e participação. Diante disso, sua cidade no interior da França tornou-se centro de
peregrinação. Todos conhecemos o relato que diz sobre o que ia fazer ou o que via
em Ars, pois aquela cidade não tinha atrativo algum: “vou lá porque quero ver Deus
em um homem”. Tratava-se do então Padre João Maria Vianney.
Olhando para a
figura desse grande homem, é assim que todos os sacerdotes são convidados a viver
o seu ministério, ou seja: numa entrega total a Deus e a serviço do próximo. É como
vemos os nossos padres: entregando de fato a sua vida para levar os outros a Deus.
Quantos bons exemplos nós temos de padres que dão testemunho de fé e com o seu entusiasmo
contagiam a sua comunidade paroquial! Sou testemunha disso em minhas missões a mim
confiadas pela Igreja e agora, através das visitas, no conhecimento das realidades
da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Por isso, como mencionei em minha
primeira carta Pastoral para esta Arquidiocese, como agora, no encerramento do Ano
Sacerdotal, devemos dar graças a Deus por todos aqueles que a cada dia, pelo seu testemunho,
fazem reinar Cristo no mundo.
Nestes tempos de dificuldades, que costumam ser
bem salientadas e difundidas de maneira global, mas também de grandes generosidades
e santidade, pouco conhecidas e divulgadas, o Espírito Santo nos tem dado respostas
belíssimas com as vocações que afluem aos nossos seminários e com presbíteros animados
pelo Espírito Santo animados como discípulos missionários consagrando toda a vida
ao serviço do Senhor. Ele continua chamando muitos jovens a uma vida totalmente dedicada
a serviço de Deus e do Povo. É bom recordar a profecia do Cura d’Ars: “quando se quer
destruir a religião, começa-se por atacar o padre”. Pelas notícias que serão publicadas
sobre este belíssimo evento poderemos ler criticamente o viés de cada veículo e com
que filtro ele passa aos seus “usuários” este momento histórico.
Ao longo deste
Ano Sacerdotal realizamos várias missas, adorações, encontros, palestras, conferências,
seminários, retiros. Tudo isso foi promovido para que as nossas comunidades rezassem
mais pelos sacerdotes e também pedissem ao Senhor da Messe que enviasse mais missionários.
Posso dizer como foi bom celebrar em nossa Arquidiocese o Ano Sacerdotal! Espero
que estas iniciativas continuem, para que possamos assim rezar sempre pelos padres
e também pelas vocações.
Em boa hora o querido Papa Bento XVI convocou este
Ano Sacerdotal, que, se de certa forma chega ao seu final, no entanto motiva a todos
para que continuemos unidos e rezando uns pelos outros, em especial unidos e rezando
pelos sacerdotes e pelas vocações sacerdotais.
Milhares de padres acorreram
a Roma para o encerramento deste evento marcante – que, como disse acima é uma das
maiores manifestações de padres nas celebrações junto ao Santo Padre. Encontrando
com muitos presbíteros durante a viagem, notei a alegria do chamado, da entrega da
vida e a busca de testemunhar a beleza do seguimento de Jesus Cristo. São tempos em
que o Espírito Santo faz brotar no coração destes homens de Deus o desejo de continuar
vivendo alegremente suas vidas consagradas e anunciar ao mundo a alegria de ter sido
escolhido para tão grande missão!
Agora continuamos a testemunhar Jesus Cristo
na história, e cada um de nós é corresponsável para levar adiante aquilo que vivemos
e celebramos! O tempo de oração, intercessão, testemunho continua ainda mais intenso
e com ânimo renovado. Tenho certeza de que o Senhor conduz a nossa história e continuaremos
com disponibilidade e alegria anunciando o Cristo Ressuscitado a todos!
Desejo
a todos que neste tempo de lutas, dificuldades, incertezas, confiança, generosidade,
testemunho, coragem que sempre e em todo lugar experimentem a confiança de que somos
sustentados pela mão de Deus.
+ Orani João Tempesta, O. Cist, Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ