2010-06-12 19:45:14

BENTO XVI: VALORES CRISTÃOS SÃO MOTOR PARA AUTÊNTICO PROGRESSO ECONÔMICO E SOCIAL


Cidade do Vaticano, 12 jun (RV) - Diante da crise econômica é preciso partir novamente dos valores cristãos, verdadeiro motor para um autêntico desenvolvimento: foi a exortação de Bento XVI aos participantes da 45ª reunião comum do Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa, recebidos esta manhã na Sala Clementina, no Vaticano.

O Papa convidou os povos do Velho Continente a não marginalizarem as suas raízes cristãs. Em seguida, fez votos para que a fraternidade e a lógica da doação encontrem sempre mais espaço nas dinâmicas econômicas e financeiras. O Pontífice convidou o Banco de Desenvolvimento à integração social, no signo da solidariedade para com os mais necessitados.

Os eventos políticos ocorridos na Europa no final do século passado – observou o Santo Padre – permitiram à Europa "respirar com dois pulmões". E, todavia – constatou – "há ainda um longo caminho a ser percorrido para tornar esta realidade efetiva". "É claro, se desenvolveram os intercâmbios econômico-financeiros entre Leste e Oeste da Europa, mas – perguntou-se o Papa – houve um verdadeiro progresso humano"?

"A libertação das ideologias totalitárias não foi utilizada unilateralmente apenas para o progresso econômico em detrimento de um desenvolvimento mais humano que respeite a dignidade e a nobreza do homem?" – foi a interpelação feita pelo Papa. E ainda, não foram esquecidas aquelas "riquezas espirituais que modelaram a identidade européia?"

Atualmente – prosseguiu – a Europa e o mundo atravessam um momento de grave crise econômica. Mas – observou – não se pode avaliar essa situação somente mediante uma análise estritamente financeira.

Bento XVI evocou assim a Caritas in veritate, na qual – disse – se mostra que o amor por Deus e pelo próximo é um motor potente capaz de oferecer autêntica energia ao ambiente social, político e econômico.

No sulco da Doutrina Social da Igreja, o Santo Padre evidenciou que a relação entre caridade e verdade é "uma força dinâmica que regenera o conjunto das ligações interpessoais" para orientar a vida econômica e financeira "a serviço do homem e da sua dignidade".

"Este é o único capital que convém salvar e nesse capital se encontra a dimensão espiritual da pessoa humana" – afirmou. A economia e as finanças – reiterou – não existem por si mesmas. Não são nada mais que um instrumento.

"O Cristianismo – acrescentou – permitiu à Europa compreender aquilo que é a liberdade, a responsabilidade e a ética que impregna as suas leis e as suas estruturas sociais."

"Marginalizar o cristianismo, também através da exclusão dos símbolos que o manifestam – foi a sua advertência – contribuiria a privar o nosso continente de sua origem fundamental que o alimenta incansavelmente e que contribui para a sua verdadeira identidade."

"Efetivamente – disse Bento XVI – o cristianismo é a fonte dos valores espirituais e morais que são patrimônio comum dos povos europeus." Valores aos quais os Estados membros do Conselho da Europa manifestaram o seu apego no Preâmbulo do Estatuto do organismo continental. Reiterando a natureza social do Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa, do qual a Santa Sé faz parte desde 1973, o Pontífice ofereceu uma reflexão sobre a fraternidade na economia:

"A fraternidade – constatou – permite espaços de gratuidade, que mesmo sendo indispensáveis" são dificilmente verificáveis quando a finalidade é somente a eficácia e o lucro. Tal dualismo – prosseguiu – não é, porém, absoluto e insuperável.

Por isso, seria necessário "introduzir uma lógica que faça da pessoa humana e mais especificamente das famílias daqueles que se encontram necessitados, o centro e a finalidade da economia".

Bento XVI recordou que existe na Europa um passado de experiência de desenvolvimento econômico fundado na fraternidade. Portanto – exortou – é preciso voltar à generosidade das origens. (RL)







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