BENTO XVI: VALORES CRISTÃOS SÃO MOTOR PARA AUTÊNTICO PROGRESSO ECONÔMICO E SOCIAL
Cidade do Vaticano, 12 jun (RV) - Diante da crise econômica é preciso partir
novamente dos valores cristãos, verdadeiro motor para um autêntico desenvolvimento:
foi a exortação de Bento XVI aos participantes da 45ª reunião comum do Banco de Desenvolvimento
do Conselho da Europa, recebidos esta manhã na Sala Clementina, no Vaticano.
O
Papa convidou os povos do Velho Continente a não marginalizarem as suas raízes cristãs.
Em seguida, fez votos para que a fraternidade e a lógica da doação encontrem sempre
mais espaço nas dinâmicas econômicas e financeiras. O Pontífice convidou o Banco de
Desenvolvimento à integração social, no signo da solidariedade para com os mais necessitados.
Os
eventos políticos ocorridos na Europa no final do século passado – observou o Santo
Padre – permitiram à Europa "respirar com dois pulmões". E, todavia – constatou –
"há ainda um longo caminho a ser percorrido para tornar esta realidade efetiva". "É
claro, se desenvolveram os intercâmbios econômico-financeiros entre Leste e Oeste
da Europa, mas – perguntou-se o Papa – houve um verdadeiro progresso humano"?
"A
libertação das ideologias totalitárias não foi utilizada unilateralmente apenas para
o progresso econômico em detrimento de um desenvolvimento mais humano que respeite
a dignidade e a nobreza do homem?" – foi a interpelação feita pelo Papa. E ainda,
não foram esquecidas aquelas "riquezas espirituais que modelaram a identidade européia?"
Atualmente
– prosseguiu – a Europa e o mundo atravessam um momento de grave crise econômica.
Mas – observou – não se pode avaliar essa situação somente mediante uma análise estritamente
financeira.
Bento XVI evocou assim a Caritas in veritate, na qual – disse –
se mostra que o amor por Deus e pelo próximo é um motor potente capaz de oferecer
autêntica energia ao ambiente social, político e econômico.
No sulco da Doutrina
Social da Igreja, o Santo Padre evidenciou que a relação entre caridade e verdade
é "uma força dinâmica que regenera o conjunto das ligações interpessoais" para orientar
a vida econômica e financeira "a serviço do homem e da sua dignidade".
"Este
é o único capital que convém salvar e nesse capital se encontra a dimensão espiritual
da pessoa humana" – afirmou. A economia e as finanças – reiterou – não existem por
si mesmas. Não são nada mais que um instrumento.
"O Cristianismo – acrescentou
– permitiu à Europa compreender aquilo que é a liberdade, a responsabilidade e a ética
que impregna as suas leis e as suas estruturas sociais."
"Marginalizar o cristianismo,
também através da exclusão dos símbolos que o manifestam – foi a sua advertência –
contribuiria a privar o nosso continente de sua origem fundamental que o alimenta
incansavelmente e que contribui para a sua verdadeira identidade."
"Efetivamente
– disse Bento XVI – o cristianismo é a fonte dos valores espirituais e morais que
são patrimônio comum dos povos europeus." Valores aos quais os Estados membros do
Conselho da Europa manifestaram o seu apego no Preâmbulo do Estatuto do organismo
continental. Reiterando a natureza social do Banco de Desenvolvimento do Conselho
da Europa, do qual a Santa Sé faz parte desde 1973, o Pontífice ofereceu uma reflexão
sobre a fraternidade na economia:
"A fraternidade – constatou – permite espaços
de gratuidade, que mesmo sendo indispensáveis" são dificilmente verificáveis quando
a finalidade é somente a eficácia e o lucro. Tal dualismo – prosseguiu – não é, porém,
absoluto e insuperável.
Por isso, seria necessário "introduzir uma lógica que
faça da pessoa humana e mais especificamente das famílias daqueles que se encontram
necessitados, o centro e a finalidade da economia".
Bento XVI recordou que
existe na Europa um passado de experiência de desenvolvimento econômico fundado na
fraternidade. Portanto – exortou – é preciso voltar à generosidade das origens. (RL)