Chipre encruzilhada de culturas e religiões: Bento XVI, à sua chegada a Chipre, declara-se
peregrino, nas pegadas de São Paulo e São Barnabé
(4/6/2010) Bento XVI iniciou esta Sexta-feira a primeira visita de um Papa a Chipre,
no coração do Mediterrâneo Oriental ,um país com cerca de 25 mil católicos, pouco
mais de três por cento da população, estimada em 800 mil habitantes.
Um barco
empurrado pelo vento – uma das imagens do Espírito Santo –, uma vela com os contornos
do país e uma rede lançada ao mar com alguns peixes já apanhados – símbolo da conversão
à mensagem evangélica – constituem os elementos gráficos que ilustram a visita do
Papa.
O avião que transportou Bento XVI desde Roma aterrou no aeroporto internacional
de Paphos pelas 13h50 , hora local
Depois de ser saudado pelo presidente de
Chipre, Demetris Christofias, e pela sua esposa, bem como pelo arcebispo ortodoxo
de Chipre e comitiva, patriarcas e bispos católicos e outros dignitários, Bento XVI
proferiu o primeiro discurso, ainda dentro das instalações do aeroporto.
Xairete… “Saudações!
A paz esteja convosco!”
Foi em grego, língua oficial da República de Chipre,
que Bento XVI iniciou o seu discurso, no aeroporto de Paphos, em resposta às boas
vindas que lhe tinha dirigido o chefe de Estado cipriota. O Papa sublinhou que “Chipre
constitui uma encruzilha de culturas e religiões”, de vicissitudes históricas que
“conservam ainda hoje um importante impacto, visível, na vida do país”. Aludindo à
recente integração do país na União Europeia, fez votos de que tal possa vir a significar
um incremento de prosperidade para a população, num intercâmbio que enriqueça todos
os outros países com o património espiritual e cultural que reflecte o papel histórico
de Chipre, pela sua posição entre a Europa, a Ásia e a África. Numa referência velada
à divisão da ilha, e às delicados esforços em curso para a superar, declarou Bento
XVI:
“Que o vosso amor pela pátria e pelas vossas famílias e o desejo
de viver em harmonia com os vizinhos, sob a benevolente protecção do Deus todo poderoso,
possam inspirar os vossos pacientes esforços para resolver as problemas ainda em aberto,
por vós partilhados juntamente com a comunidade internacional, sobre o futuro da vossa
Ilha”.
Sublinhando desde já a dimensão ecuménica da viagem, o Papa
apresentou-se como servo dos servos de Deus, peregrino na esteira de São Paulo e São
Barnabé. Uma cordial saudação directa ao arcebispo Ortodoxo, Crisóstomo II, exprimiu
desde já a sua alegria pela ocasião de se encontrar com outros líderes religiosos
e numerosos fiéis ortodoxos.
“Espero poder contribuir para o reforço
dos nossos elos de comunhão, reafirmando a necessidade de incrementar ainda mais a
confiança recíproca e a amizade duradoura entre todos os que adoram o Deus único”.
Finalmente,
uma referência à entrega, domingo, do “Instrumentum Laboris” da assembleia sinodal
para o Médio Oriente, que – sublinhou – “examinará muitos aspectos da presença da
Igreja na região e os desafios enfrentados pelos Católicos, por vezes em circunstâncias
difíceis”.
“Chipre é um lugar apropriado para lançar esta reflexão
da Igreja sobre a pluri-secular Comunidade Católica no Médio Oriente, para exprimir
a nossa solidariedade com todos os cristãos da região e a nossa convicção de que têm
um lugar insubstituível a desempenhar a bem da paz e da reconciliação dos povos que
aí vivem”.