(31/5/2010) Divulgadas hoje as decisões tomadas pelo Santo Padre, no que diz respeito
à Visita Apostólica que ele próprio tinha anunciado, em Março passado, na sua Carta
à Igreja Católica na Irlanda.
A Visita Apostólica terá início no Outono próximo
e abrange sobretudo as quatro arquidioceses irlandesas (Armagh, Dublim, Cashel and
Emly, Tuam). Além disso, no aspecto da formação do clero, tocará também os Seminários
e o Pontifício Colégio Irlandês de Roma. Serão visitados igualmente os Institutos
religiosos masculinos e femininos.
Os Visitadores nomeados pelo Papa
são figuras de elevado perfil e de grande experiência específica para os mandatos
recebidos. Para as quatro arquidioceses, trata-se de prelados peritos no governo de
grandes arquidioceses: os cardeais Murphy O’Connor e O’Malley (respectivamente arcebispo
emérito de Westminster e arcebispo de Boston) e dois arcebispos canadianos (arcebispo
de Toronto e de Otava).
Para os Seminários, foi nomeado Visitador o arcebispo
de Nova Iorque, Timothy Dolan, outrora reitor do Pontifício Colégio Norte americano.
Para
os religiosos e religiosas, trata-se também de pessoas com ampla competência na formação
e no governo das comunidades religiosas: o redentorista Joseph Tobin (ex Superior
Geral), o jesuíta Gero McLaughlin (perito em espiritualidade, residente em Edimburgo),
a Irmã Sharon Holland (das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, americana, canonista,
durante muitos anos ao serviço da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada)
e a Irmã Mairin McDonagh (das Religiosas de Jesus e Maria, irlandesa, canonista, antiga
Provincial).
O comunicado publicado pela Sala de Imprensa do Vaticano
esclarece as finalidades da visita, definida como “ajuda que a Santa Sé entende oferecer
aos bispos, ao clero, aos religiosos e aos leigos para enfrentarem adequadamente a
situação determinada pelos trágicos casos de abusos realizados por sacerdotes e religiosos
em relação a menores, contribuindo também para a desejada renovação espiritual e moral,
já empreendida com decisão pela Igreja na Irlanda”.
A palavra “ajuda” (no
original inglês “assistance”) exprime bem a natureza “subsidiária” da intervenção
da Santa Sé, que não se subsistiu às autoridades em funções, mas acrescenta uma presença
que – vindo do exterior – pode estar em melhores condições para recolher com objectividade
informações e exprimir avaliações úteis.
O comunicado – sintetizando
as cartas de nomeação – indica as tarefas confiadas aos Visitadores, não só no exame
das questões relativas ao tratamento dos casos de abuso e de assistência devida às
vítimas, mas também no estudo da adequação e dos possíveis melhoramentos a introduzir
nos procedimentos visando a prevenção, à luz dos documentos e das directrizes hoje
em vigor tanto para a Igreja universal (Motu proprio “Sacramentorum Sanctitatis Tutela”
de 2001), como também, especificamente, para a Igreja da Irlanda (documento “Safeguarding
Children”). Naturalmente a Visita aos seminários e aos institutos religiosos colocar-se-á
também na perspectiva mais ampla de favorecer a renovação da formação sacerdotal e
da vida religiosa.
O Coordenamento das Visitas tocará aos três Dicastérios
competentes, da Cúria Romana – a Congregação dos Bispos, a da Educação Católica e
a dos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Esta última predisporá
também uma primeira fase preparatória da Visita aos Institutos Religiosos, enviando
aos Superiores e Superioras dos vários Institutos um questionário preparatório formulado
para o efeito.
O sucesso da Visita supõe naturalmente a colaboração
aberta e cordial – na verdade e na caridade – da parte de todos os Visitadores.
Não
se especifica a duração das Visitas, que exigirão sem dúvida um certo tempo, também
porque os Visitadores são na maioria dos casos pessoas que mantêm os seus actuais
cargos, de grande responsabilidade.
Os Visitadores deverão fornecer
um relatório a quem lhes confiou esta tarefa, isto é, a Santa Sé, noutras palavras,
o Papa, assistido pelas Congregações romanas competentes. Com base nos Relatórios,
a Santa Sé dará às instituições visitadas indicações para superarem as dificuldades
e tomarem as decisões que se apresentem como necessárias.
No que diz respeito
às dioceses, o Comunicado prevê expressamente que – após as quatro arquidioceses –
também algumas dioceses venham depois a ser visitadas.
O Comunicado
concluiu fazendo votos de que a Visita, acompanhada e apoiada pela oração de toda
a comunidade da Igreja na Irlanda, seja abençoada pelo Senhor e contribua para renovar
o fervor da vida cristã e para aprofundar a fé e a esperança de todos os seus membros.