ARCEBISPO JAMAICANO: VIOLÊNCIA FRUTO DE CONIVÊNCIA COM TRÁFICO
Kingston, 29 mai (RV) - O Arcebispo da capital jamaicana, Dom Donald James
Reece, denunciou que a violência que se vive nesta capital, onde os conflitos já custaram
a vida de 60 pessoas e nos quais outras 500 foram presas, é o resultado da corrupção
que reina no país, do descaso dos políticos locais e da aproximação deles com facções
criminosas.
De acordo com o Arcebispo, a violência urbana gerada na tentativa
das forças da ordem de capturar o narcotraficante Christopher Coke para extraditá-lo
aos Estados Unidos, “é conseqüência de uma combinação de fatores relacionados a problemas
econômicos, droga e corrupção”.
Em uma carta pastoral dirigida ao clero, o
Arcebispo assinala que “a anarquia é uma verdadeira ameaça para todos nós”. Dom Reece
se diz preocupado pela situação, mas comenta que “nós, jamaicanos, estamos colhendo
o que plantamos”.
“A violência – continua – é resultado do relaxamento e da
falta de integridade e de responsabilidade de parte de todos, mas principalmente dos
políticos dos dois principais grupos, que cortejaram e cultivaram relações durante
anos com os chefes e bandas inteiras para ganhar seus votos”.
“O que aconteceu
nos últimos dias era esperado há tempos. Não é uma novidade” – denuncia, por sua vez,
o Vigário Geral de Kingston, Mons. Kenneth Richards, explicando que “nas últimas duas
décadas, as ilhas do Caribe tornaram-se verdadeiras centrais de tráfico de droga entre
a América do Sul e os Estados Unidos”.
À Rádio Vaticano, o Arcebispo disse
ter pedido a seus sacerdotes e fiéis que rezem especialmente pelo fim da violência
e a paz.
Depois do anúncio do governo jamaicano de extraditar Christopher "Dudus"
Coke para os Estados Unidos, traficantes e policiais se enfrentam nas ruas da capital.
Acusado por Washington de ser um dos líderes do tráfico com maior poder no mundo,
ele tem o apoio de grande parte da população de baixa renda da capital do país, que
promete defendê-lo. (CM)