Cidade do Vaticano, 24 mai (RV) - Os meios de combate à discriminação e à xenofobia
serão tema da 19ª sessão plenária do Pontifício Conselho para a Pastoral para os Migrantes
e Itinerantes. O encontro, de 26 a 28 de maio, terá o tema “Pastoral da mobilidade
hoje, no contexto da corresponsabilidade dos Estados e dos Organismos Internacionais”.
Que tipo de colaboração a Igreja pode oferecer aos Estados e organismos
internacionais na gestão do fenômeno migratório? O Arcebispo Agostino Marchetto, Secretário
do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, responde:
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preciso que os países de proveniência dos migrantes cresçam economicamente; que cada
nação possa garantir uma vida digna a seus cidadãos. Já na Popolorum progressio, Papa
Paulo VI pedia uma contribuição de 1% do Produto Interno Bruto para o desenvolvimento.
Em 2000, a comunidade internacional falou de 0.7%. Hoje, caímos para 0.3%”.
Outra
questão ressaltada pelo Arcebispo é a necessidade de colocar na prática o direito
de migração, reconhecendo certamente o dever dos governos de regularizar os fluxos,
mas respeitando a legislação internacional. Além disso, é preciso recordar a perspectiva
avançada na Caritas in veritate, que fala do ‘bem comum universal’. Para Dom Marchetto,
o dever específico da Igreja é estabelecer uma pastoral dedicada à integração destas
pessoas nos países de acolhimento.
Recentemente, o Papa recordou que as nações
com valores cristãos em sua Constituição devem concordar intervenções comuns para
enfrentar o problema da imigração.
Para o Arcebispo, ainda resta muito a se
fazer, porque em certos países, a tendência é reduzir o nível da acolhida. Graças
a Deus – ressalva – existem em todas as nações pessoas engajadas, organizações, grupos,
comunidades que conhecem bem a situação porque se envolvem pessoalmente e não hesitam
em dar o melhor de si para receber os migrantes.
A respeito da próxima Plenária,
Dom Marchetto acredita que podem emergir indicações pastorais interessantes para inverter
a tendência à hostilidade:
“Espero que possamos ajudar também os bispos, mas
principalmente as comunidades cristãs a conhecerem melhor a Doutrina Social da Igreja
– que não é uma ideologia – e traduzi-la em respeito da segurança, mas também em caridade”.
Em síntese, o Arcebispo italiano auspicia que a reunião constitua um estímulo
para olharmos “além do nosso nariz”. (CM)