2010-05-24 15:14:43

Consulta pós-sinodal "Um novo Pentecostes para a África". De Maputo (Moçambique), a enviada da RV, Dulce Araújo


Iniciou domingo 23 de Maio, com uma celebração liturgica, no Pavilhão do Maxaquene, na Baixa do Maputo, a Consulta Pós-sinodal “Um Novo Pentecostes para a África”. Organizado pela Cáritas África e o SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África) o encontro pretende encontrar a forma de tornar efectiva e eficaz as proposições da segunda Assembleia Especial do Sinodo dos Bispos para a África realizado no Vaticano em Outubro de 2009. Na celebração liturgica do domingo de Pentecostes, presidida pelo Cardeal Peter Turkson, Presidente do Conselho Pontíficio Justiça e Paz, participaram, para além de bispos moçambicanos e de alguns outros países da África, diversos padres e delegados no encontro. Entre os milhares de fieis encontravam-se diversos representes politicos moçambicanos e o antigo Presidente do país, Joaquim Chissano com a esposa.



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Domingo de Pentecostes. A escolha não podia ser melhor para a abertura da consulta pós-sinodal “Um novo Pentecostes para a África”. Para os cerca de 5 mil fiéis congregados no Pavilhão desportivo do Maxaquene para a liturgia, a ideia ficou clara: A África precisa da força do Espírito Santo para se reconciliar consigo própria e encontrar o caminho do verdadeiro progresso para todos. Ao celebrar o Pentecostes Jesus quis, de facto, que Igreja deixasse de ser restrita e se tornasse um instrumento de salvação para todos. É o que quer ser a Igreja hoje em África. É o que o Sinodo quis que fosse. É o que este encontro do Maputo quer ser: “um novo Pentescostes”. Quer dizer uma Igreja capaz de unir todos os filhos e filhas da África numa causa comum: o bem-estar para todos. E isto não obstante as diferenças étnicas, politicas, sociais, culturais, vocacionais, como aliás proclamava uma das leiturs do dia. A mensagem é para todos e para cada um. Os bispos viveram-na no Sinodo. Agora querem fazê-la chegar a cada um dos africanos. A missa no Pavilhão do Maxaquene foi prova disto: o Sinodo está a chegar à base. As camisolas brancas com o emblema do SECAM evocando o tema do Sinodo: “A Igreja em África ao serviço da Reconciliação, da Justiça e da Paz” ondulavam nos corpos dançantes da grande maioria dos milhares de fieis nessa celebração liturgica que foi uma festa bem à maneira africana: Cânticos ritmados em diversas linguas e danças liturgicas com as mãos que se erguiam ao Céu em acção de graças e louvor a Deus. Danças a que, a uma dada altura, se associaram também alguns padres e mesmo fieis europeus. Em volta da abóboda redonda do Pavilhão grandes panos vermelhos, como as cores liturgicas da festa do Pentecostes, se alternavam com outros brancos em que se lia nas nas três linguas oficiais da África: “ vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo”. E por cima do altar como que a descer sobre a Igreja ali presente uma grande pomba branca, simbolo do Espírito Santo. Enfim, tudo... símbolos, palavras, estavam aí para ajudar a compreender o significado profundo do Pentecostes para a África de hoje; essa mãe-África dolorida, dilacerada, desintegrada que vê os seus filhos morrer ou então partir como refugiados e emigrados, porque, não obstante as suas riquezas humanas e materiais não consegue garantir-lhe uma vida digna. A África precisa duma reconciliação total para ser uma África-família -disse D. Francisco Sílota, na homilia pronunciada em português, francês, inglês. Para o bispo de Chimoio e segundo vice-presidente do SECAM este encontro do Maputo quer ser um tempo de reflexão sobre o que fazer para ajudar a mãe África a acolher os seus filhos, para que se levante, para que o tão decantado renascimento deixe de ser um sonho e se torne realidade. Isto só é possível com a ajuda do Espirito Santo, concluiu D. Francisco. E para que nada ficasse abstracto, o Cardeal Peter Turksun que presidiu à Eucaristia, convidou os presentes a fazer uma experiência directa do Espirito Santo: “Levantai a vossa mão direita, colocai-a em frente da boca e pronunciai o vosso nome: o que sentis? O sopro responderam todos... É esse ar o poder do alto que ilumina os nossos corações e nos faz proclamar as suas maravilhas. Permitamos que isto aconteça em cada um de nós – recomendou.

Não resta, portanto, que esperar que o Espirito Santo, desça nesta segunda-feira sobre os mais de 100 delegados das diversas cáritas da África e das comissões regionais justiça e paz assim como os parceiros doutras partes do mundo para que encontrem estratégias adequadas para levar a mãe-África ao desenvolvimento integral dos seus povos. O lugar onde a reunião se realiza é simbolico: um novo local das Irmas Franciscanas Hospitalares, artifices, juntamente com umas 60 famílias vítimas das terríveis cheias do ano 2000, e a solidariedade internacional da criação do bairro Momemu, na zona de Marraquene, cerca de 40 km a Sul de Maputo. Aí essas famílias se instalaram e vivem de diversas actividades, caminhando para o progresso.



Do Marraquene para a Radio Vaticano, Dulce Araújo.








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