Boa Esperança, 22 mai (RV) - “Brotará um ramo da raiz de Jessé, uma flor nascerá
desta raiz e descansará nela o Espírito de Sabedoria e de Entendimento, o Espírito
de Conselho e Fortaleza, o Espírito de Ciência e de Piedade e a encherá o Espírito
do Temor do Senhor.”
O que Isaías chama “espíritos” é o que a técnica teológica
chama “dons”. Assim, Isaías enumera sete DONS. O número sete, na Bíblia, sempre
significou plenitude. O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é um manancial
infinito de dons. Ele habita em nós e dirige, de maneira magistral, nossa vida espiritual.
Ele quer estabelecer nas diferentes partes do complicadíssimo ser humano estes
receptores que são os seus dons, pelos quais Ele se comunica conosco e pode influir
em todas e em cada uma de nossas faculdades humanas. Acima de todas as nossas faculdades
está o entendimento.
É a faculdade mais alta, a mais nobre que possuímos,
a que nos torna semelhantes aos anjos, a que põe em nossas almas um traço da imagem
de Deus. Nessa faculdade altíssima, o Espírito Santo colocou quatro dons: Sabedoria,
Entendimento, Ciência e Conselho, que correspondem aos diferentes hábitos intelectuais
que os filósofos dizem que temos em nosso entendimento.
Pelo dom do Entendimento,
penetramos nas verdades divinas e, para julgar destas verdades, temos três dons: o
da Sabedoria, que julga as coisas divinas; o da Ciência, que julga as criaturas; o
do Conselho, que regula e dispõe os nossos atos.
Na vontade, que é a faculdade
que segue, em categoria e nobreza, a nossa inteligência, há um dom: o dom da Piedade,
que tem por objetivo regular e dispor nossas relações com os demais. Para dominar
a parte inferior do nosso ser, há dois dons: o de Fortaleza e o de Temor de Deus.
O de Fortaleza, para tirar-nos o temor do perigo: o do Temor de Deus, para
moderar os ímpetos desordenados de nossa natureza humana. A palavra temor, aqui, não
significa medo, mas respeito, consciência de que estamos na presença de Deus.
Assim,
desde o ápice do nosso espírito, que é a inteligência, até a porção inferior do nosso
ser, o Espírito Santo tem os seus dons para comunicar-se com este mundo que trazemos
em nós, para poder inspirar e mover os nossos atos.
Por este conjunto de dons,
o Espírito Santo possui por completo a nossa alma e estes dons têm entre si relações
estreitas. Isaias os coloca aos pares: Espírito de Sabedoria e Entendimento; Espírito
de Conselho e Fortaleza; Espírito de Ciência e Piedade; Espírito de Temor de Deus.
Com
esses dons, lembrando que, entre eles há uma infinidade de nuances, era para o ser
humano se aproximar cada vez mais da perfeição. Só que Deus não quer nos fazer prontinhos
e perfeitos. Ele quer que nós participemos da construção de um ser humano que seja
realmente uma criatura divina. Ele é democrático. Ele arrisca porque acredita na nossa
capacidade. É preciso que abramos nosso coração inteiramente confiante no amor do
Pai e peçamos a Ele que o encha e que, por meio dos seus dons, preciosos instrumentos
da sua atividade influam em nós, mova-nos e nos conduza através de todas as circunstâncias
da vida, para que, por nossa vontade e com a Sua ajuda, conquistemos a pátria celeste
já aqui no mundo – que podemos melhorar, trazendo-lhe paz e justiça – e, depois, na
eternidade.