Cidade do Vaticano, 22 mai (RV) - O Papa Bento XVI recebeu na sexta-feira os
participantes da Plenária do Pontifício Conselho para os Leigos, que estiveram reunidos
nestes dias no Vaticano para tratar do tema: "Testemunhas de Cristo na comunidade
política". Um encontro no qual o Santo Padre voltou a reafirmar o papel e missão da
Igreja na esfera política, ou seja, que não cabe à Igreja a formação técnica dos políticos,
mas sim dar o seu juízo moral sobre assuntos que dizem respeito à ordem política.
Portanto a missão da Igreja é educar os seguidores de Cristo para que eles sejam cada
vez mais Suas testemunhas em todos os lugares. E nessa perspectiva vem à luz a participação
do cristão na política, uma participação que deve ser ativa, mas ao mesmo tempo coerente
com os ensinamentos da Igreja. Elemento essencial dessa participação é o testemunho.
Nesta
semana vivemos no Brasil, segundo as palavras do Secretário-Geral da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, "um momento histórico na vida
do país”. Uma afirmação que diz respeito à aprovação do projeto Ficha Limpa por parte
do Senado, que impede a candidatura de pessoas condenadas pela justiça.
A
aprovação é uma vitória que possibilitará o vigor da ética e da moral em todos os
níveis do processo eleitoral brasileiro. A grande articuladora da Campanha Ficha Limpa
foi a própria CNBB numa mobilização nacional para alcançar as assinaturas necessárias
e enviar ao Congresso Nacional o abaixo-assinado pedindo a proibição da candidatura
de políticos com ficha suja. A Campanha fora lançada com o objetivo de entrar com
um Projeto de Lei de Iniciativa Popular, no Congresso Nacional, que impedisse a candidatura
de pessoas com antecedentes criminais e que renunciam ao mandato para escapar de punições
legais.
A Igreja não entra na política partidária, mas mostra o caminho da
caridade e da verdade, cuja força é capaz de mudar o mundo garantindo a liberdade,
promovendo valores para o desenvolvimento de todo o homem e de todos os homens.
Estamos
vivendo no Brasil um ano eleitoral e o grande desafio é alentar a esperança do nosso
povo que manifesta muitas vezes desencanto e decepção com a vida política diante dos
escândalos amplamente divulgados. Muitos podem até mesmo cair no desinteresse em participar
da construção do país o que poderá ter sérias conseqüências para o futuro. O projeto
Ficha Limpa nos dá ânimo e cria a expectativa de que algo está mudando e que as pessoas
que tem um cargo público poderão realmente ser o espelho de uma sociedade que deseja
transparência e retidão política.
Para Bento XVI, a política é uma complexa
arte de equilíbrio entre ideais e interesses, sobretudo neste período, marcado por
grandes e complexos problemas, em que a questão social se tornou, ao mesmo tempo,
questão antropológica. “Por isso, num momento de confuso relativismo cultural e de
um individualismo utilitarista e hedonista, - afirma o Papa - é preciso recuperar
e fortalecer uma autêntica sabedoria política, sem esquecer que a contribuição dos
cristãos é decisiva somente se a inteligência da fé se torna inteligência da realidade,
chave de juízo e de transformação”. (SP)